O Brasil em ação: corro, opção, ou corrupção
A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas.
José Carlos Peliano* - na Carta Maior - 22/01/2016
José Carlos Peliano* - na Carta Maior - 22/01/2016
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Explico melhor. Aproveitei o título porque me soou bem nos ouvidos. A brincadeira com palavras ainda é uma alternativa de aliviar o espírito num país que afunda em lama de um jeito ou de outro
Da chuva que resolveu descer de vez das nuvens desde fins de dezembro pela maior parte do país, dos extenuantes processos de corrupção, do afogamento do rio Doce pela negligência desumana da Samarco e pelo descaso inominável que alguns ditos brasileiros fazem país afora.
A opção de correr do título é a de sair atrás de lugar nenhum e procurar qualquer lugar do Brasil onde ainda se possa respirar melhor, andar descalço pelas ruas, sentar na frente de casa para conversar e saudar os passantes, e ver o sol se por para não ter de cantar a música Epitáfio dos Titãs.
A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas. Sabem que mentem e atacam para jogar mais lama no ventilador, mas não se importam, querem isso mesmo.
Onde está a honestidade e o respeito público das concessões de rádios e TVs? A bendita imparcialidade noticiosa dos jornais e revistas? Querem derrubar o país simplesmente porque não querem mais o governo eleito democraticamente.
Mas não vamos mais perder tempo com esses pulhas. Vamos negá-los, não os assinando nem os lendo mais. Exemplo magnífico nos deu a professora Sylvia Moretzsohn, representante do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio, que cancelou esses dias sua assinatura de quase 30 anos da Folha de São Paulo
As razões alegadas foram postas numa carta endereçada ao jornal onde ela afirma categoricamente que tudo tem limite. Ela afirma não rejeitar opiniões de direita, ela defende a pluralidade. Mas a notícia tem de repassar a informação com substância e não ser simplesmente opinativa e ponto.
Acredito que a professora foi muito generosa e demorou a tomar a atitude pois o referido jornal assim como os demais da grande mídia golpista só informam o que querem e bem entendem. Serão certamente lembrados mais tarde como os que ajudaram nas tentativas de afundarem o Titanic do país.
Mas a lama está esparramada por todos os lados. O lamaçal escorre Brasil afora superando e destruindo os diques e barreiras antes reconhecidos pela maioria esmagadora dos brasileiros. Da dignidade, do respeito, da cidadania, da humanidade.
Hoje a lama permite tudo como fizeram, por exemplo, Wanderley Silva, ex-lutador de MMA, e João Pedrosa, jornalista. Ambos, como outros que jogam no mesmo time, disseminam ódio e calúnias na internet.
O primeiro culpou a presidenta pelo atraso de uma obra em Goiás e o segundo tem culpado o governo por qualquer coisa, além de ter atacado por impropérios de baixo nível a vida pessoal de Chico Buarque.
Tudo porque este, um dos maiores compositores do Brasil de todos os tempos, tem apoiado o governo atual e seu partido. O compositor decidiu entrar na Justiça contra este e outros caluniadores.
Isso beira o fim do mundo. Ninguém respeita mais ninguém, tudo é possível fazer inclusive falar mal abertamente, mesmo sem razão ou sem a menor evidência como prova, de qualquer um em qualquer lugar a qualquer hora.
A questão é mais ou menos essa: se as coisas já não estão boas do lado da economia, aqui e no mundo, se as perspectivas de melhora são turvas e pouco objetivas, e se a solução for atirar para qualquer lado a torto e a direito, o que vai sobrar e quem vai sobrar? E quem vai recolher os escombros?
O deputado Carlos Sampaio do PSDB/SP resolveu participar do tiroteio entrando com uma ação no STF pedindo extinção do PT. Alega usuais absurdos políticos, os quais são sempre acobertados legalmente pela imunidade parlamentar, ou seja, disse e escreveu o que quis e bem entendeu.
Só que o argumento maior é o dos casos citados e julgados de corrupção. Como se o seu partido não tivesse também participado da lama, até agora conhecida, com pelo menos cerca de US$ 300 milhões! Sendo o mesmo motivo, espera-se que ele peça também a extinção de seu partido.
Aqui uma digressão. Criticam quem defende o PT e o governo por atacar na mesma moeda a oposição. Jogar lama na lama. Se alguns membros do PT receberam propina, dizem, porque revidar com casos de propina da oposição?
Duas razões. A primeira, velha conhecida, é que a mídia golpista só dá manchetes do PT e do governo. Assim, o contraponto nas redes sociais é oportuno, urgente e necessário. A segunda, até há pouco sabida mas escondida oficialmente, é que o PSDB já era do time da corrupção há muito. Pelo menos desde 1999 ao contrário do que nos empurraram goela abaixo desde o mensalão.
O Juiz substituto da 3a Vara Federal do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a técnicos da Petrobras de 1999 a 2012. Período do 2o governo de FHC. Finalmente, um magistrado resolve passar a oposição a limpo.
Uma curiosidade, o Juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substitui o juiz antigo que andava passeando nos carros apreendidos de Eike Batista em processo judicial aberto no Rio de Janeiro.
Por ser um Magistrado novo, o Juiz deve ter aceitado a denúncia por estar fora da rede de influência de outros juízes conservadores em cujos gabinetes dormitam alguns processos de denúncia contra intermediários ou membros da oposição.
Por fim, mas não menos importante, exatamente para fechar com chave de ouro, veio hoje a público uma informação, já cochichada há tempos pelos corredores oficiais e não, mas ainda não testemunhada oficialmente por ninguém. Sobre FHC.
Luis Nassif comenta em seu blog que está finalizando a biografia de um interessante homem público brasileiro, o ex-ministro Antônio Dias Leite, oriundo da Cepal.
Em entrevista a Nassif em 2007 Dias Leite comenta da personalidade não muito confiável de FHC. Ressalta sua pouca disposição administrativa, a que chama de inação administrativa, a qual não tem paralelo no país.
E a inação se agravava por sua peculiar mania de afirmar não afirmando. Isto é, prometia na frente e não cumpria atrás, mesmo atuando na frente de um jeito positivo e operante, mas não na retaguarda.
Um ex-presidente que tem sua cara revelada, a qual já afirmou várias vezes críticas mordazes à presidenta e apoios ao seu processo de impedimentos, hoje à beira do ostracismo, é também colaborador do lamaçal em que se encontra o país.
Corro? Qual opção? Acho que correr sim mas igualmente respirar fundo e tirar da força da cidadania um voto de confiança nos demais que como eu querem um Brasil melhor. NÀO VOTO NULO, VOTO NU-LO-CAL CERTO: A URNA! Mas renovando, nada de dar salvo conduto para quem já sabemos que não valem a lama que fazem no Congresso Nacional!
*colaborador de Carta Maior
Créditos da foto: reprodução
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