Movimentos lançam ferramenta digital contra abuso policial

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  • 02/01/2016 20h04
  • Rio de Janeiro
Flávia Villela – Repórter da Agência Brasil

Os crimes cometidos pelos agentes públicos, por exemplo, flagrantes forjados, torturas, prisões arbitrárias e agressões de policias contra cidadãos, que já são mostrados nas redes sociais, poderão também, agora, ser denunciados por meio de uma nova ferramenta. Para facilitar a autodefesa do cidadão fluminense contra a violência policial, a rede Meu Rio, em parceria com movimentos sociais e moradores de favelas, vai lançar no fim do mês a ferramenta #SemEsculacho.
“Será uma ferramenta voltada para o usuário do celular, mas que também estará disponível na web”, disse Guilherme Pimentel, coordenador do projeto. “Será basicamente o que a população já coloca nas redes sociais, mas vamos qualificar essa participação. Queremos servir de ponte para oficializar essa denúncia”, disse o integrante da rede de mobilização. "A ferramenta também vai valorizar o policial, o guarda municipal, enfim, o agente público, que preserva os direitos do cidadão", acrescentou.

Só em 2015, dezenas de denúncias de assassinatos e fraude processual foram feitas contra policiais. Em novembro passado, cinco rapazes foram mortos a tiros por policiais policiais militares. Eles estavam em um carro quando foram metralhados. Os policiais ainda foram acusados de forjar a cena do crime. http://agenciabrasil.ebc.com.br/node/987141
Na semana passada, oito policiais militares foram presos suspeitos de torturar com faca e isqueiro, roubar, ameaçar e humilhar quatro jovens entre 13 e 23 anos, em Santa Teresa, bairro da região central da capital fluminense. 
Em setembro, o adolescente Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, seria apenas mais um bandido morto no Morro da Providência, centro do Rio, após trocar tiros com policiais, não fosse a câmera de celular de um morador ter flagrado um dos agentes colocando a arma na mão do jovem e dando dois tiros. 
“O Sem Esculacho é um grupo de ação que conta com o apoio de um grupo de voluntários para trabalhar essa questão. A ideia é divulgar a ferramenta e, depois, pressionar e reivindicar, tomar medidas para ajudar a resolver esse problema”, explicou Pimentel. Queremos influenciar positivamente na construção de uma segurança publica que valorize a vida. Precisamos sair dessa falsa ideia de que são casos isolados".
Criado em 2011, Meu Rio reúne cerca de 200 mil pessoas, na luta por uma cidade inclusiva e sustentável, por meio da comunicação digital. Futuramente a rede pretende organizar oficinas sobre o uso desse tipo de ferramenta. “Estamos articulando saberes e autores que já trabalham com isso, e estamos em um esforço para organizar esse conhecimento para quem quiser se apropriar dele e melhorar sua atuação cidadã”. 
É garantido o anonimato do autor das denúncias e vídeos. Todo o material passará por uma triagem e será encaminhado ao Ministério Público e autoridades competentes. Quem quiser se voluntariar na construção da ferramenta pode se inscrever pelosite http://www.semesculacho.meurio.org.br/.
Edição: Aécio Amado

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