De volta, o homem do Cansei: Privatizar, extinguir ciclovias…

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O casal quer governar São Paulo. Boa sorte
Viomundo - 22/01/2016

Pré-candidato tucano chama Lula de “sem vergonha”
“Esse aí é cristão novo, chegou agora, riquinho, coxinha, caiu do céu, quer sentar na janelinha”.
Com uma camisa azul clara colada ao corpo, calça jeans, sapatênis claro e cabelos alinhados com gel, João Doria Junior lista a uma plateia de cerca de 50 pessoas, na noite de quarta-feira, o que tem ouvido sobre sua qualificação mesmo dentro do PSDB, desde que lançou sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, em agosto de 201 5.

Em uma sala da Casa do Saber, na capital paulista, Doria rebate as críticas ao falar que sua trajetória é marcada pela “dedicação e luta pelo bem do país” e lembra de sua atuação no Movimento Cansei, em 2007 , contra a CPMF.
“Protestei contra aquilo que hoje virou juizado de pequenas causas, que foi o mensalão do Lula. Eu o classifico como um sem-vergonha. Lula é um sem-vergonha. Ainda vai pagar pelos crimes que cometeu e continua sendo um sem-vergonha”. O tucano continua. “E cara de pau. Cara de pau. Vai pagar”.
Na palestra de duas horas, Doria xingou Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez como sem-vergonha e outras três como cara de pau, poucas horas depois de o ex-presidente ter dito que não havia “viva alma mais honesta” do que ele.
Depois de dizer que tem percorrido a periferia, reduto eleitoral do PT, afirma que sonha em ver Lula “antes de ser preso” defender o prefeito e pré-candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT).
A plateia, com sua esposa, o filho mais velho e cerca de 20 aliados, vibra.
Pouco depois, Doria ressalta que conta com o apoio do governador Geraldo Alckmin, principal cabo eleitoral de São Paulo.
“Ele sempre foi muito claro: viabilize sua candidatura e terá o meu apoio. Foi o que eu fiz. Eu o conheço há 36 anos”, diz. “Evidentemente tenho a simpatia, a amizade e a relação e estamos viabilizando a candidatura dentro do partido”, diz.
Em busca de apoio na disputa interna do PSDB para a escolha do candidato à prefeitura, o tucano acena a Alckmin e diz que o governador é o nome “com decência” no partido para disputar a Presidência em 2018.
“Nada contra Aécio [Nev es] ou [José] Serra, mas para enfrentar o populismo de Lula, precisa ter alguém com a decência, a simplicidade e a força de Alckmin. Senão volta o Lula e vamos ver a desgraça para esse país”.
A presidente Dilma Rousseff é citada como a “senhora” que mentiu e que o país “tem que aguentar”. Petistas são classificados como “bandidos”. “O Brasil é nosso. Senão vai entregar para quem o Brasil? Para os bandidos, corruptos, sem-vergonha, o Dirceu e essa corja que escreve manual, como usurpar, como mentir, como assassinar? Vai ver o que aconteceu com Celso Daniel. Quantos morreram”.
Apesar de ter o governador como um importante cabo eleitoral, Doria cita, mais uma vez, a resistência que tem encontrado contra sua pré-candidatura.
No fim de fevereiro, o tucano deve disputar prévia com o vereador Andrea Matarazzo e o deputado federal Ricardo Tripoli.
“Sofri críticas até dentro do meu partido. Não tem problema. Não faço campanha para ser adulado, esse aí é o rei da cocada. Eu não quero ser o rei da cocada preta”. A expressão é repetida pelo pré-candidato ao falar sobre os desafios de comandar a cidade.
“Não sou o rei da cocada preta, nem o sabichão de plantão, nem o que vai resolver os problemas da cidade. Vamos resolver conjuntamente.”
Criticado também pelo “pouco conhecimento” sobre a cidade, Doria ironizou seus adversários no partido.
“Não tem isso de ‘conheço tudo da cidade’. Os guias também conhecem. Então põe um guia para administrar a cidade. Ou então põe um GPS para administrar”.
Na palestra, “decência”, “trabalho” e “gestão” são palavras repetidas com frequência.
Apesar de ser chamado de “coxinha”, Doria diz que tem ido com frequência à periferia “não mais por obrigação, mas por prazer”.
Uma de suas principais propostas é privatizar “conscientemente” tudo o que for possível.
De imediato, cita o autódromo de Interlagos e o estádio do Pacaembu, mas a lista será maior. ” O setor privado faz melhor que o público. Paga melhor, tem carreira, coisa que o Estado não tem”.
As ciclovias e ciclofaixas, marcas da gestão Haddad, serão revistas e “eliminadas onde tiver que eliminar”. O fechamento da avenida Paulista aos domingos é um erro, “falta de inteligência” e “provocação”, diz o tucano.
“É sorvete na testa”. “A cidade fica congestionada, os hospitais em sofrimento e prejudica milhões de brasileiros que moram aqui. Era só fechar uma via. É o óbvio ululante”.
O programa de assistência social aos dependentes químicos da Cracolândia também é alvo de críticas. Para Doria, o programa que dá emprego e renda aos drogados só fez aumentar o preço da pedra de crack na cidade. A solução, diz, é tirar da rua e internar. “Não é higienização humana”, afirma o tucano.
Questionado sobre a ação da polícia na repressão de protestos, Doria diz que a obrigação do Estado é “manter a ordem” e que “sinceramente a PM tem melhorado e aprimorado” no controle de manifestações. “É preciso ter um processo educativo da imprensa e verificar que nem sempre a boa manchete é aquela que condena o policial”, diz.

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