Cerveró mentiu?: Agora, mudou versão e não cita Dilma e Lula em delação

Por Helena Sthephanowitz - 14/01/2016

Em documento da PF, sobre suposto repasse de propina, Lula e Dilma    não aparecem na delação de Ceveró
 A imprensa  mentiu?
 Ou, teria sido a ala da PF do Aécio que mentiu para encobrir umas notinhas de rodapé da página de jornais que discretamente informavam que o senador tucano recebeu 300 mil reais de propina?
Quem está mentindo?


O diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, modificou sua versão sobre um suposto repasse de propina de US$ 4 milhões, vindos do Revamp (Renovação do Parque de Refino) da refinaria de Pasadena, à campanha do ex-presidente Lula nas eleições de 2006. A presidente Dilma Rousseff também deixa de ser citada. A informação é do jornal Valor Econômico.

O documento obtido pelo jornal diz que as informações entregues por Cerveró à Operação Lava Jato mostram que “foi acertado que a Odebrecht faria o adiantamento de US$ 4 milhões para a campanha do presidente Lula, o que foi feito”.


Entretanto, no termo do depoimento do ex-diretor em que trata do assunto número 5 de sua delação, homologada pelo ministro Teori Zavascki, a citação do suposto repasse de propina ao ex-presidente Lula desaparece. A fonte do pagamento também muda e passa a ser a UTC em vez da Odebrecht.

“Foi decidido que (...) a contrapartida da UTC pela participação nas obras do Revamp seria o pagamento de propina; que se acertou que a UTC adiantaria uma propina de R$ 4 milhões, que seriam para a campanha de 2006, cuja destinação seria definida pelo senador Delcídio do Amaral”, diz o documento.

Outra diferença é a menção à presidente Dilma Rousseff. No resumo, Cerveró a cita por três vezes quando fala sobre Pasadena, mas não há o nome dela no termo homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Cade o novo delator que citou Aécio?
O novo delator da Operação Lava Jato Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, confirmou à Procuradoria-Geral da República o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB senador Sérgio Guerra (PE) - morto em 2014 - para "abafar" a CPI da Petrobras de 2009

A revelação sobre o repasse milionário ao então número 1 do PSDB foi inicialmente revelada em agosto de 2014 pelo primeiro delator da Operação Lava Jato, engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Segundo Costa, o dinheiro foi providenciado pela empreiteira Queiroz Galvão. O doleiro Alberto Youssef, que também fez delação, já havia confirmado o pagamento ao PSDB.

 Ceará fez 19 depoimentos à Procuradoria-Geral da República, entre 29 de junho e 2 de julho de 2015.

No trecho em que fala dos R$ 10 milhões para o PSDB, ele apontou o ex-deputado José Janene (PP/PR), morto em 2010

Segundo Ceará, o ex-deputado do PP era um dos cabeças do esquema de corrupção

Foi Ceará quem apontou em sua delação a entrega de R$ 300 mil ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) por um executivo da empreiteira UTC - uma das líderes do cartel que atuou na Petrobras entre 2004 e 2014, corrompendo e superfaturando preços em contratos bilionários, em conluio com políticos e executivos da estatal petrolífera.

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