Vannuchi: Insanidade de Cunha enfraquece tese do impeachment.

CRISE POLÍTICA


"A opinião pública está sensível ao fato de que o Cunha tenta jogar o país no incêndio para salvar a própria pele, escapando da cassação e das grades”, afirma o comentarista político
por Redação RBA publicado 04/12/2015 
MARCELO CAMARGO/ AGÊNCIA BRASIL
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Presidente da Câmara acolheu impeachment em reação a processo que corre na Comissão de Ética
São Paulo – “Esse ato insano, chantagista e golpista do Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desencadeou o que está aparecendo à primeira vista um nítido enfraquecimento dos que defendem o impeachment. A opinião pública está sensível ao fato de que o Cunha tenta jogar o país no incêndio para salvar a própria pele, escapando da cassação e das grades”, afirmou hoje (4) o comentarista político Paulo Vannuchi à Rádio Brasil Atual, sobre o acolhimento do pedido de impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara Federal na quarta-feira (2), depois que Cunha verificou que não teria apoio do PT para barrar andamento de processo contra ele na Comissão de Ética.
Vannuchi comparou Cunha ao imperador Nero, que conforme conta a história mandou incendiar Roma e matar a própria mãe. “Na minha opinião, não tem jeito, o Eduardo Cunha acabará cassado e muito provavelmente preso”, afirmou, referindo-se às provas que surgiram contra o presidente da Câmara na operação Lava Jato. “A minha dúvida é se ele vai entrar também em uma dessas escandalosas delações premiadas, o que eu acho uma alternativa muito possível para o seu caráter – ele entrega um monte de gente da quadrilha para tentar um ano ou dois depois ficar de tornozeleira na sua mansão na Barra da Tijuca e conseguir gastar tudo o que mantiver dos milhões de euros que ele reuniu em sua vida política, que sempre foi de operações, até carne para a África ele diz agora que vendeu.”

O comentarista político defendeu que há um clima de reviravolta sobre o impeachment e algumas provas disso estão no constrangimento do próprio jurista Miguel Reale Junior, aliado da tese do impeachment. Reale lamentou que o acolhimento do pedido tenha acontecido nas circunstâncias de uma reação odiosa de Cunha. Outra prova é o silêncio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). “Ou ele vai para a direita de uma vez, ou vai ter de entrar em cena para defender esse impeachment”, disse Vannuchi. “Só o chamado taradinho pelo impeachment, o Aécio Neves (PSDB-MG), teve de ir a campo para dizer que não importa que seja Eduardo Cunha, que agora é a hora. Também há o constrangimento do Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), da Força Sindical, e essa virada de placar é porque aparentemente agora ficam com Dilma duas bandeiras, a da lisura e a da democracia”.
“De fato, o impeachment não pode ser instrumento para uma pessoa que foi autuada praticamente em flagrante nos crimes de corrupção e evasão de divisas”, afirmou Vannuchi, destacando que Cunha não pode usar o cargo de presidente da Câmara dessa forma – cargo este, observa o colunista provavelmente a partir de muito dinheiro que ele distribuiu nas campanhas eleitorais, "e a investigação precisa levar isso muito a fundo, se na própria delação premiada que ele um dia eventualmente fizer ele mesmo não decidir contar para quem ele deu o dinheiro para se eleger deputado e presidente da Câmara, em seguida".
“O que a Dilma quer agora é rapidez, que a comissão funcione já na segunda-feira e quem sabe decida já pela inadmissibilidade do pedido, então, isso acaba antes do Natal, e o jogo agora é político”, comentou Vannuchi. “A preocupação do PSDB, que virou o seu discurso em 24 horas, agora começa a falar que não pode ter pressa, tem de esperar o carnaval, eles querem deixar o país paralisado, a economia e o desemprego explodindo, tudo pelo interesse mesquinho em uma eventual migalha de poder para o golpismo dar certo”, afirmou.
Ouça o comentário na Rádio Brasil Atual:

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