Para Bresser-Pereira, novo ministro da Fazenda não promoverá grandes mudanças
NELSON BARBOSA
De acordo com professor da FGV, atual ministro do Planejamento é um bom nome para o lugar de Levy: "Conhece bem o Estado brasileiro, está comprometido com o ajuste e sabe da importância da taxa de câmbio”, diz
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 18/12/2015 17:29
MÁRCIA MINILLO/RBA
São Paulo – Ex-ministro da Fazenda de abril a dezembro de 1987, no governo Sarney, e professor da Fundação Getúlio Vargas, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira não acredita em mudanças profundas na política econômica, com a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a indicação de Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento. “Eu acho que o governo está comprometido em fazer um ajuste fiscal, o que o Levy mais defendia. O governo não conseguiu fazer um ajuste do tamanho que o Levy queria, mas fez próximo. O novo ministro da Fazenda também deve estar comprometido com essa meta”, diz. “Não creio que haja uma mudança muito grande.”
Bresser-Pereira considera o nome de Nelson Barbosa, que já é comentado como novo ministro da Fazenda (ele deixa o Planejamento), um bom nome para ocupar a Fazenda. “É um homem competente. Hoje já conhece bem o Estado brasileiro, está comprometido com o ajuste fiscal, mas não é radical nessa matéria, e sabe da importância da taxa de câmbio.”
Do ponto de vista político, ele acredita que a decisão do Supremo Tribunal Federal de ontem (18), que inviabilizou o voto secreto para a comissão do impeachment e fortaleceu o Senado, dá fôlego ao governo. “Mas isso, mais amplamente, apenas confirma o que venho afirmando desde que começou esse projeto de impeachment, que considero de uma irresponsabilidade total por parte de Eduardo Cunha e da oposição, do PSDB, PPS. A democracia brasileira é consolidada, no meu entender.”
Na opinião do economista, “a tentativa de impeachment é um golpe de Estado, e um golpe é um retrocesso no processo democrático muito sério”. “Acho que os brasileiros não estão dispostos a correr esse risco. Não acredito no impeachment de forma nenhuma”, diz, para em seguida fazer uma pequena correção: “Não digo que tenho 100 por cento de certeza, mas 90 por cento eu tenho, que não vai sair o impeachment. A decisão de ontem do Supremo vai nessa direção e tornou muito mais difícil a tarefa dos ‘impichadores’”
Reconhecidamente defensor do ajuste fiscal, embora ressalve que não é um radical quanto a isso, Bresser-Pereira considera correta a política de ajuste. “Mas sou muito crítico de quem afirma que o ajuste é a coisa mais importante, que é preciso fazer para o país retomar o crescimento, o que não é verdade. O mais importante para a retomada do crescimento já foi feito, e foi o ajuste feito pelo mercado da taxa de câmbio”, avalia.
Para Bresser-Pereira, o principal efeito da elevação do dólar é tornar as empresas industriais brasileiras novamente competitivas. “É questão de mais tempo para que elas voltem a investir.”
O economista entende que “o grande erro” que a presidenta Dilma Rousseff cometeu foram as desonerações levadas a cabo no primeiro mandato. “Foi uma coisa que ela pensou que era política industrial, e foi um desastre. Quando ela viu o tamanho da crise, passou a fazer a política correta. Acho que o novo ministro (da Fazenda) vai fazer a política correta.”
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