Nas asas dos tucanos, Cunha pode perder cargo e conservar mandato
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Da coluna de Ilimar Franco, em O Globo, que me fugiu nestes dias de Natal embrulhados com defeitos na conexão de internet:
“Derrotada no STF, a oposição ficou na incômoda situação de defender o rito do processo de impeachment estabelecido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O PSDB abandonou a palavra de ordem “Fora, Cunha”, e seu líder na Câmara, Carlos Sampaio, acompanhado de Mendonça Filho, do DEM, reuniu-se com Cunha para debater a reação à decisão do Supremo.”
Embora óbvia, a articulação é discreta e não desperta o apetite de nossa reportagem política.
Firmes na estratégia de fingir que “Cunha nada tem a ver com o impeachment”, enunciada duas semanas atrás pelo principal porta-voz midiático dos tucanos, Merval Pereira, a parcela do PSDB aliada a Aécio Neves vai cultivando a hipocrisia e mantendo o essencial: sem o Presidente da Câmara não há chance para o impeachment.
Assim, vai empurrando com o bico a situação de chantagem que Cunha já praticou com o Governo e que, agora, só resta a praticar com os tucanos.
O objetivo, agora, é que, vendo insustentável sua situação, Cunha concorde em deixar a presidência da Casa em torca de uma nova composição que preserve seu poder.
Isto fica claro pela leitura da matéria de hoje da Folha, que dá conta que os ” partidos de oposição ao governo Dilma” – leia-se, tirando o eufemismo da mídia: PSDB – concordam com a tese de que o simples afastamento de Cunha da Presidência, sem a cassação de seu mandato, deixaria o “cunhismo” no controle da Casa, através do deputado Waldir Maranhão, seu fidelíssimo aliado.
Maranhão, que tem três inquéritos no Supremo – Lava-Jato e outros dois em que é acusado de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos ou valores – seria o intermediário de Cunha e o simples afastamento, sem cassação – evitaria uma nova eleição para a presidência da Casa.
Falta combinar com a opinião pública que Cunha pode ser um ladrão-deputado se deixar de ser um ladrão-presidente da Câmara.
Mas isso não vem ao caso.
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