Destaques na agenda internacional na semana de 06 a 13 de dezembro de 2015

O PSUV a perde a maioria pela primeira vez em 17 anos. O presidente Maduro reconheceu a derrota, mas declarou que a revolução bolivariana não recuará.

Por Flavio Aguiar, de Berlim - na Carta Maior - 07/12/2015
Telesur
No próximo domingo, 13/12, realiza-se o segundo turno das eleições regionais francesas. No primeiro turno, realizado no domingo, 06, a Frente Nacional, de extrema-direita e liderada por Marine Le Pen, foi o partido mais votado, liderando a eleição em 6 das 13 regiões. A FN teve uma votação estimada como entre 27,2 e 29%. Em segundo lugar ficou o partido  Os Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, com 27%. Em terceiro, o Partido Socialista, do presidente François Hollande, com 24%. A seguir vieram a liga dos Ecologistas/Verdes, com 6,6% e a Frente de Esquerda, com 4%.
 
A própria Marine Le Pen obteve um resultado expressivo, com 40% dos votos na região norte da França. Esta votação significou não só uma vitoria eleitoral, mas também uma vitoria interna em seu partido, dada a rivalidade que no momento tem com seu pai, Jean-Marie Le Pen, fundador da FN, e também com sua sobrinha, Marion Marechal-Le Pen, atualmente deputada na Assembleia Nacional, e vista como mais próxima do avô do que da tia.
 

Vários analistas franceses apontam Sarkozy como o principal perdedor do domingo passado, pois seu partido ficou aquém do esperado. Apontam também que o PS teve um desempenho acima da expectativa, confirmando a pequena, mas significativa recuperação da popularidade de Hollande depois dos atentados em Paris na sexta-feira, 13/11. Estes atentados são vistos como parcialmente responsáveis pelo sucesso da FN, junto com o alto desemprego em regiões operárias. A FN conquistou votos também às expensas de redutos tradicionais do OR, de Sarkozy, como em regiões do sul da França, onde o voto conservador é tradicional.
 
Le Pen se consolida assim como uma liderança não só em seu país, mas de expressão europeia. O segundo turno, no próximo domingo, apontará se este sucesso parcial secionariam, e também apontará tendências para as próximas eleições nacionais, em 2017. O Partido Socialista já anunciou que vai retirar suas candidaturas em pelo menos três regiões em favor dos candidatos apoiados por Sarkozy, para neutralizar a ascensão da FN. Pela lei eleitoral, caso nenhum candidato tenha obtido maioria (50% 1) dos votos no primeiro, todos os que tiveram 10% ou mais podem se apresentar para o segundo turno. Uma daquelas regiões é a de Nord-Pas-de-Calais-Picardie, onde concorre Marine Le Pen.
 
Venezuela
 
A Mesa Unificada pela Democracia (MUD), de oposição, venceu as eleições parlamentares na Venezuela, realizadas no domingo, dia 06. Até o momento (segunda-feira, 07, 09:00 em Brasília), o MUD confirmara a obtenção de 99 das 167 cadeiras do Parlamento de câmara única. O Partido Socialista Unificado da Venezuela, do presidente Nicolás Maduro, estava com 46 cadeiras e 22 ainda estavam indefinidas. Assim a MUD já garantiu a maioria absoluta no Parlamento, sendo que o PSUV a perde pela primeira vez em 17 anos. A maioria qualificada de 2/3 dos votos exige 113 cadeiras, e é necessária para que a MUD possa introduzir mudanças constitucionais e até para eventualmente antecipar as eleições presidenciais. O presidente Maduro reconheceu a derrota, mas declarou que a revolução bolivariana não recuará. Denunciou a atual falta de gêneros e de bens de primeira necessidade como fruto da sabotagem de parte do empresariado. A queda no preço do petróleo, principal artigo de exportação do país, também prejudica fortemente a economia. E é verdade que muitas lideranças do PSUV ao tempo de Hugo Chavez, hoje fazem oposição a Maduro, e que a base social do partido se dividiu, em muitos locais votando em candidatos da oposição.
 
Estado Islâmico e Estado de Guerra
 
A Alemanha confirmou, em seu Bundestag, a disposição de participar da guerra contra o Estados Islâmico na Síria e no Iraque, ao lado da coalizão liderada pelos Estados Unidos, em ação conjunta também com a Rússia. Bombardeios se intensificaram contra a cidade de Raqqa, na Síria, considerada capital do Califado do ISIS, ISIL. Analistas vêm apontando a diversificação dos ataques de militantes do ISIS ou simpatizantes. Depois dos ataques de Paris, outros tipos de ação marcaram as atividades do Estado Islâmico. No Iêmen um atentado a bomba matou o governador da cidade portuária de Aden, no sul do país, e 10 de seus guarda-costas. O Iêmen hoje está dividido entre áreas controladas pelo governo do presidente Abd Rabbu Manssur Hadi, que têm o apoio político e militar da Arábia Saudita, regiões dominadas pelos rebeldes Houthis, que têm o apoio do Irã, e ainda outras dominadas pela Al Qaeda. E o ISIS também entrou em ação no país. 
 
Em um outro tipo de ataque, um militante isolado esfaqueou pessoas no metrô londrino. E o massacre em San Bernardino, Califórnia, nos EUA, em que 14 pessoas mais o casal assaltante morreram e 21 pessoas ficaram feridas, inclusive um policial, também é apontado como um possível ataque de simpatizantes do ISIS, embora até o momento não haja indícios concretos de uma ligação orgânica entre o casal e o Califado. Em pronunciamento no fim de semana o presidente Obama reiterou a estratégia da coalizão liderada pelos Estados Unidos e apoiar os grupos rebeldes na Síria, estimulando-os a lutar também contra o ISIS.
 
Turquia
 
A Turquia se envolveu em complicações diplomáticas ao enviar tropas para o território do Iraque, que pediu sua imediata retirada. A tensão entre Ancara e Moscou se intensificou, com Vladimir Putin prometendo mais sanções contra a Turquia depois que a Força Aérea desta derrubou um avião russo acusado de violar seu espaço aéreo. A situação se complica também porque a Rússia vem ajudando o governo de Damasco, cujo principal esforço no momento é o de reocupar regiões próximas da fronteira turca, dominadas por guerrilheiros turcomanos que têm o apoio de Ancara. 
 
FIFA
 
O FBI e a Polícia Suíça vêm intensificando a investigação sobre corrupção na FIFA, o que vêm agora atingindo mais diretamente dirigentes do futebol sul-americano, inclusive da CBF. Outro ponto de investigação em foco é a denúncia de propinas pagas pela empresa International Sport and Leisure (ISL) a João Havelange, Ricardo Teixeira e Sepp Blatter no valor de 27 milhões de libras (cerca de 190/200 milhões de reais).
 
COP21
 
Sinais diversos a partir da COP21, que continua em Paris.
 
Anuncia-se que os países presentes estão mais próximos de um acordo sobre a diminuição das emissões de gás carbônico que impeça a elevação da temperatura global em mais do que 2 graus Celsius acima do nível pré-industrial. A Índia pretende financiar e liderar um centro de pesquisas sobre energia limpa com apoio de 120 países. Um grupo de dezenas de países, incluindo EUA, China, Suécia, Austrália, Reino Unido e México, prometem investir 10 bilhões de dólares na produção de lâmpadas LED (da sigla em inglês Light-Emitting Diodes), ou seja lâmpadas-diodos que possibilitam diminuir a emissão de carbono para a atmosfera. Segundo os especialistas, estas lâmpadas, mais eficientes do que as fluorescentes ou de halogénio, permitiriam diminuir as emissões de carbono em 735 milhões de toneladas. A iluminação é responsável por 15% do consumo de energia elétrica no mundo e por 5% do gás carbônico lançado na atmosfera. A empresa IKEA também participaria do empreendimento.
 
Por outro lado, continuam as desavenças entre países ricos e países em desenvolvimento sobre o financiamento dos programas. A conferência vai até o próximo fim de semana.




Créditos da foto: Telesur

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