União Europeia: 25% das pessoas no limite da pobreza
Cerca de 122 milhões de pessoas, ou 24,4% da população da União Europeia, está dentro do limite de pobreza e exclusão social, segundo informa recentemente a Comissão Europeia, após uma análise estatística dos dados de 2014.
Por Jose Luís Forneo*
Romenos marcham em Bucareste contra políticas europeias
Segundo a estimativa da Comissão Europeia, um de cada quatro europeus sofre a ameaça da pobreza, embora as condições de subsistência registrem variações extremas entre países.A crise golpeou com grave dureza o sul do continente, em especial a Grécia e a Espanha, segundo as estatísticas do estudo. Para as estimativas, foi levada em consideração a situação de indivíduos em cujos lares a renda total disponível resulta inferior a 60% da média nacional do território em questão.
De 2008 a 2014, a proporção de cidadãos expostos à miséria e à exclusão na Grécia subiu, 7,9 pontos percentuais, enquanto que na Espanha a subida foi de 4,7 pontos, indicou a reportagem.
Ao finalizar 2014, o perigo de pobreza se estendeu a 36% dos gregos e a 40,2% aos romenos, o país que mais sofre deste mal em toda a União Europeia. Esta porcentagem foi substancialmente aumentada a partir do golpe de Estado de 1989. Seguindo de perto a Romênia vem outro país que foi selvagemente saqueado e destruído pelas potências capitalistas, que é a Bulgária, onde a porcentagem atinge 40,1%.
A pobreza não é uma enfermidade que atinge somente os países colonizados após a queda do Socialismo nos anos 1990; Alemanha e França, as principais potência da eurozona, mostram cifras pouco compatíveis com uma democracia, sendo a porcentagem de risco de pobreza de 20,6% e 18,6%, respectivamente.
Convém lembrar aqui duas coisas. Em primeiro lugar, os dados desmentem a propaganda neoliberal que a democracia burguesa combate a pobreza, algo que utilizavam como um mantra, e continuam fazendo, quando se trata de criticar os países socialistas. Entretanto, parece que a democracia liberal não faz mais que aumentar progressivamente a pobreza, algo que os defensores do capitalismo escondem em baixo do tapete.
Por outro lado, e relembrando os dados de um organismo pouco suspeito de ser anticapitalista, o Banco Mundial, a imposição violenta da autodenomida "democracia capitalista" (sem eufemismos: ditadura do capital) e a destruição dos sistemas socialistas, provocou um aumento brutal da pobreza nos países atingidos.
No caso da Romênia, por exemplo, a porcentagem de pobres (segundo o Banco Mundial) era de 6% em 1987, ou seja, 1,3 milhão de pessoas, antes do golpe de Estado de dezembro de 1989, enquanto que no período de 1993 a 1995, o número de pobres se elevara até 13,5 milhões de pessoas, dentro de um universo de 22 milhões de romenos.
E daí verificamos que, por mais malabarismos propagandísticos que se façam, Lênin – no livro Estado e a Revolução – tinha razão quando afirmava que "partindo desta democracia capitalista, inevitavelmente estreita, que empurra para baixo das cordas os pobres e que é, portanto, uma democracia profundamente hipócrita, o desenvolvimento progressivo não ocorre de modo simples, direto e tranquilo para 'uma democracia cada vez maior', como querem nos fazer crer os professores liberais e os oportunistas pequenos burgueses".
Não, como demonstram os dados, a democracia capitalista, na União Europeia ou em qualquer outro estado ou entidade política, só produz mais democracia e mais riqueza para uma minoria privilegiada, e mais tirania e pobreza para todos.
*Sociólogo espanhol, autor do blog "Un vallekano en Rumania"
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