Wadih Damous: "Senado postou-se de joelhos diante do STF e da opinião pública"
O jornalista Paulo Henrique Amorim entrevistou nesta sexta-feira (27) o deputado Wadih Damous, do PT-RJ. Na conversa, trataram sobre a prisão do senador Delcídio Amaral, o futuro de Eduardo Cunha, os papéis do Legislativo e do Judiciário, além dos desdobramentos da Operação Lava Jato e as consequências para o PT.
Em uma conversa de 25 minutos, o deputado classificou o ato do senador Delcídio Amaral como “repulsivo, uma bravata irresponsável”, mas explicou que a prisão foi inconstitucional. “Essa prisão afrontou o texto constitucional. A Constituição estabelece que um congressista só pode ser preso em flagrante de crime inafiançável”, explicou o petista.
Para Damous, o Senado perdeu a oportunidade de se posicionar diante do STF. “O Senado tinha a chance de se afirmar como Poder diante do Poder Judiciário e dizer ao Supremo: nós sabemos tutelar a nossa conduta. Não precisamos que o Supremo nos diga como agir. Mas o Senado postou-se de joelhos diante do STF e da chamada opinião pública”, afirmou o deputado, que acredita que o voto aberto inibiu o posicionamento dos senadores.
Outra consequência para a prisão de Delcídio, aponta o deputado, é a abertura de um precedente de arbitrariedade. “Se esse drible na Constituição acontece com senador da República, imagina o que vai acontecer, por exemplo, no Morro do Alemão?”, indagou.
André Esteves e a cobertura da mídia
Além de Delcídio, o deputado lembrou da prisão do banqueiro André Esteves, pouco divulgada na mídia. Damous informou ter visto no Conversa Afiada - e em outros blogs sujos - que Esteves pagou a lua de mel do tucano Aécio Neves em Nova York.
“Se o André Esteves tivesse financiado a lua de mel do presidente Lula, isso seria manchete e matéria de dias nos jornais. Mostrariam até o que foi consumido”, disse o deputado.
Eduardo Cunha
“As provas contra Eduardo Cunha são veementes. São no mínimo indícios contundentes”, afirmou Damous. O deputado ressaltou a importância da Câmara agir para evitar que o Poder Legislativo seja tutelado pelo Judiciário.
Futuro do PT
“O PT atravessa o pior momento de sua história”. A definição de Wadih Damous para o momento do partido é explicado pela conduta do Governo. “A guinada pragmática do PT pode ter sido muito radical”, ponderou.
Por outro lado, o deputado criticou o resultado do Mensalão, um julgamento “midiático e político”. Para Damous, o Brasil vive fenômeno “do juiz celebridade e da Justiça como espetáculo”.
Operação Lava Jato
Wadih Damous questionou a seletividade da Operação Lava Jato. “Tudo o que é ligado aos tucanos não é investigado ou, pelo menos, não se escandaliza”, declarou o deputado, que pregou igualdade de tratamento para os políticos de todos os partidos. “Espera-se que a Lava Jato respeite a lei e a Constituição”, complementou.
O deputado explicou que a Polícia Federal e o Ministério Público têm autonomia e poderes exacerbados. Isso acontece pela preocupação do PT em ser republicano.
Para Damous, o ministro José Eduardo Cardozo é refém da autonomia da PF. Por isso, é necessário que o Congresso reflita sobre essa autonomia excessiva.
Conversa Afiada
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
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