EM BRASÍLIA, O ALVO É A DEMOCRACIA.

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Por Mauro Santayana - 21/11/2015

Esta semana, o encontro de uma manifestação de mulheres negras contra a violência e o racismo e um grupo de golpistas acampados em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, quase  acabou em tragédia, quando um ex-policial maranhense  reformado - já preso antes no mesmo local, alguns dias antes  - e um policial civil do Distrito Federal foram detidos depois de disparar suas armas. 
Os golpistas – infiltrados por malucos e por provocadores armados que sabem muitíssimo bem o que estão fazendo - que acamparam em frente ao Congresso Nacional com um general de brinquedo, não querem o impeachment nem uma intervenção militar.
Cansados de saber que o apoio a essas teses está, ao menos nas manifestações, minguando a olhos vistos, eles estão – como já poderia ter sido detectado há muito tempo pelos órgãos de inteligência, como a ABIN - munidos de revólveres, picadores de gelo, de soco inglês, de bastões e de impunidade – só falta o apoio declarado das forças policiais que deveriam coibi-los - aguardando que se produzam as primeiras mortes, uns cinco ou seis cadáveres, de preferência, em um eventual confronto, com vítimas de parte a parte, para que a Nação se incendeie.
Cabe ao Congresso, ao Governo Federal, se necessário, com a convocação de tropas do Exército, proibir, até segunda ordem, indiscriminadamente, a realização de manifestações de qualquer natureza ou orientação ideológica, fechando e controlando o acesso à Esplanada dos Ministérios.
Onde estão o Senado, a Câmara dos Deputados, a Presidência da República, o Ministério da Justiça, os órgãos de inteligência, o Governo do Distrito Federal, a Corregedoria da Polícia Civil desse governo, e a Polícia Federal?  
Alguém imagina que a presença de “manifestantes” armados em frente à Casa Branca, em Washington, ou na Praça Vermelha, em Moscou, ou na Praça da Paz Celestial, em Pequim - e a sua prisão, para serem liberados, horas depois, depois de terem sido simplesmente “ouvidos” - seria tolerada, ou vista, em alguma circunstância, como “normal”?
A Guerra Civil da Ucrânia, que já gerou milhares de mortos e esfacelou – até geograficamente – o país, começou com a instalação de acampamentos neonazistas na Praça Maidan, seguida da infiltração de atiradores fascistas nos telhados, que dispararam contra a multidão, para acender a centelha que deu início a um conflito generalizado que ainda não terminou.
Quem pariu Mateus que o embale.
A responsabilidade de desarmar a bomba da violência antidemocrática é, em primeiro lugar, da oposição,
Foi a oposição que apostou na criminalização e na judicialização da política, com a distorção e condenação, aos olhos de uma minoria radical, despolitizada e ignorante, de práticas que eram useiras e vezeiras - como diz o ditado - no sistema presidencialista brasileiro.
Entre elas, o recurso ao Caixa 2; o financiamento de  coligações de apoio; e as doações empresariais de campanha, acreditando, piamente, que isso iria atingir apenas o governo, sem se voltar, como um bumerangue, como já está ocorrendo, contra si mesma.
E, em segundo lugar, a responsabilidade é do governo.
Por não ter reagido, desde o início - como não o fez até agora – aos insultos individuais lançados contra certas lideranças e a própria Presidente da República, assistindo passivamente à escalada cotidiana, semanal, de ódio e de desinformação, e aceitando – porque quem cala, consente – a condição de ladrão, terrorista, e outros termos impublicáveis, com que têm sido brindados, por internautas, com nome e sobrenome, na internet, sem nenhuma reação do ponto de vista jurídico.
E, como se isso não bastasse, o governo pecou também por incompetência, ao não apresentar – ao menos em rede nacional de televisão – a formulação e defesa do projeto, que, bem, ou mal, tentou estabelecer para o país nos últimos anos.
Um programa que estava baseado, entre outros pontos, no fortalecimento diplomático do país, com a liderança da integração latino-americana, e a criação do Grupo dos BRICS, e conquistas como a presidência da FAO e da Organização Mundial do Comércio.
Na recuperação dos fundamentos macroeconômicos, com a diminuição da dívida pública líquida, e da dívida externa - com o enxugamento dos títulos denominados em moeda estrangeira - e o aumento, em mais 1000% das reservas internacionais.
E na expansão da safra agrícola; da produção de energia e da exploração de petróleo; a recuperação, com o PAC, da infra-estrutura, com a construção de portos, refinarias, grandes hidrelétricas; e no planejamento e execução do maior esforço de rearmamento das Forças Armadas do país em 500 anos de história.
Como estamos alertando há anos, exaustivamente - nós e outras vozes isoladas - se o golpismo tivesse sido combatido desde o começo, com base na legislação vigente - a apologia à quebra do Estado de Direito é crime, vide o artigo quinto da Constituição Federal, que diz XLV - "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; a Lei de Segurança Nacional, que considera, no Artigo 22, crime "fazer, em público, propaganda: I - de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social; e o Artigo 23, I - que se refere à incitação, I - à subversão da ordem política e social; II- à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; ou, III - à luta com violência entre as classes sociais, e próprio Código Penal, sobre a incitação ao crime - pelos Três Poderes da República, a serpente não teria eclodido, e não estaria presente, armada e desafiadora, provocando o Estado e a Nação, na praça que leva o seu nome.
Na imposição de limites que não devem ser ultrapassados, o governo poderia aprender com o Exército, que, outro dia, simplesmente proibiu a presença de certo expoente da extrema direita que vive no exterior em sua página de comentários, por este estar insultando – como se estivesse na Casa da Mãe Joana – o Comandante da força, General Villas Bôas.

O pior de tudo, é que a maior vítima de tudo isso, não são nem o governo, nem a oposição, apesar de desmoralizados – até mesmo por apedrejamento mútuo e intestino – aos olhos de parte da população, mas a própria Democracia, também execrada e vilipendiada, sem resposta, ou quase nenhuma defesa, nos grandes portais da internet e redes sociais, enquanto o fascismo – ansioso para receber de braços abertos os escombros da República - milita com competência nesses espaços e fora deles, em franca e aberta campanha para as eleições presidenciais de 2018, sem denúncia nem fiscalização por parte de quem quer que seja.

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