Nelson Motta e Hélio Bicudo: duas respostas e um padrão. Por Kiko Nogueira

Postado em 04 nov 2015
Nelsinho em seu elemento
Tudo passa, tudo sempre passará

O jornalista Nelson Motta deu uma resposta ao artigo no DCM sobre ele — tudo tão disparatado e infantil que fica difícil por onde começar. O subtexto é um ódio estranhamente pessoal por Lula cujo tamanho nem ele, talvez, admitisse que tinha.
“Nenhuma de minhas mulheres foi casada com um homem como Lula e tem filhos como os dele. Minhas filhas são muito mais inteligentes e educadas que os de Lula e Marisa — e nunca fizeram parte de nenhuma organização criminosa”, escreveu no Facebook.
“E quem imagina que dona Marisa tem um milésimo do talento de Marilia Pêra e fez mais pelo país do que ela ? Só um fanático lulista, cada vez mais perto da cadeia. Que vergonha.”

Novamente, ele não apenas julgou, condenou e deu a sentença a várias pessoas. Também deixa claro que sua família — incluídas aí as gerações anteriores — é moralmente superior. Melhores, mesmo, na categoria de seres humanos.
O restolho, para ascender, só através do crime.
O raciocínio remete ao que Hélio Bicudo declarou num Roda Viva: “O que mais me impressionou foi o enriquecimento ilícito do Lula. Ninguém fala nisso, mas eu conheci o Lula numa casa de 40 metros quadrados. Hoje, o Lula é uma das grandes fortunas do país. Ele e os seus filhos”.
O que está embutido aí é o seguinte: esse pessoal deveria ter ficado onde sempre esteve.
(Antes que alguma alma penada interprete de maneira torta: eu não estou defendendo que criminosos não sejam punidos. Mas para isso existe a Justiça e não tribunais de exceção).
As filhas de Eduardo Cunha com conta na Suíça, criadas no Rio de Janeiro, devem ter, em algum momento esbarrado naquela pequena aldeia que é a Zona Sul com as de Nelsinho. Teriam estudado na mesma escola? Frequentado os mesmos restaurantes?
Por que não são alvo do mesmo rigor?
Para Bicudo e Motta, Lula e seus parentes tinham a obrigação de permanecer naqueles metros quadrados pelo resto da vida. Motta, além de ter dado uma educação decente a sua prole, casou-se com Marília Pera, que “fez mais pelo país” do que a “eminência loura”.
Grande Marília Pera — mas o que ela fez de tão extraordinário pela pátria? “Pixote”? “Beto Rockfeller”? “Pé na Cova”? O pedido desesperado de voto em Fernando Collor? Algum livro genial de que ainda ouviremos falar?
Em seu blog no Farofafa, o jornalista Pedro Alexandre Sanches comenta que Nelson é “um ex-boa-praça envenenado de raiva até a quinta geração dos herdeiros (de Lula, não os dele, que são muito mais inteligentes). Matou o bom moço que lhe servia de casca.”
Matou. Já escreveu Nelsinho em “Como uma Onda” que não adianta mentir pra si mesmo. Ele e Bicudo formam hoje um coro de revoltados on line gritando: “Gentalha, gentalha, gentalha!”
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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