Fernando Brito: Cunha e a “conversão” dos fariseus
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Se o prezado amigo e a cara leitora quiserem entender porque a mídia, agora, destaca a cruzada dos demotucanos, que não aceitam mais “um minuto de Cunha”, dê um pulinho na coluna de Lauro Desculpe Jardim.
Ele publica que Eduardo Cunha registrou “dezenas de domínios de (sic) internet, apropriando-se de Jesus”, algo que os blogs “sujos”, entre eles este aqui, já havia feito no início de abril.
Obvio que Lauro sabia há muito disso, porque é muito bem informado, como muito bem informados são dos demistas e os tucanos, e o mundo inteiro sabia que para Eduardo Cunha tudo era negócio, até o nome de Deus.
Mas agora “requenta” o tema, para provocar mais indignação na opinião pública, com toda a razão já enojada com aquele sacripanta.
O mesmo falso beato Cunha que lhes servia, porque servia à paralisia do Governo, recusando-se a votar os projetos de seu interesse e, ao contrário, pondo em pauta tudo o que acarretasse mais despesas públicas, mais receitas para os políticos (doações empresariais) e mais histeria social (redução da maioridade). Tudo, sempre, com o apoio maciço do DEM e do PSDB.
E servia, sobretudo, para manter a espada do impeachment dobre a cabeça de Dilma Rousseff, quase um Moisés, capaz de abrir as águas do mar constitucional ao golpismo até o poder que não conquista pelo voto, este povo não-eleito.
Enquanto sobrou uma gota de esperança de que houvesse o clima político para a derrubada da Presidente, viviam “mostrando as canjicas”, todos sorriso, para Cunha. Encontros, jantares e, mesmo diante dos papéis vindos da Suíça, mostrando-lhe os dólares, ele merecia “o benefício da dúvida”, nas palavras do líder tucano Carlos Sampaio, tão furioso com os outros acusados.
A rigor, não houve fatos novos e não importavam as explicações de Cunha, desde o “usufrutuário” à carne enlatada, porque o essencial, na questão do decoro parlamentar, foi a descarada mentira de dizer que não tinha contas. Da qual a humanidade inteira tinha ciência, mas não era motivo de que a oposição rompesse com o presidente da Câmara.
Agora que a possibilidade do impeachment se desfez, o desejo tucano segue sendo o mesmo: o de paralisar o Governo.
Estamos a menos de um mês do recesso legislativo e dificilmente se terá outra semana de plenário cheio até o dia 18 de dezembro, porque – incrível isso, não é? – já se teve de fazer um esforço imenso para tê-lo esta semana e votar os vetos presidenciais.
As medidas provisórias do ajuste fiscal estão na fila de votação. E pela ordem, trancando a pauta da Câmara, que não pode ser invertida para que as mais importantes sejam postas antes em votação.
De outro lado, também o Conselho de Ética não vai deliberar nada até o recesso, porque os aliados de Cunha por lá vão pedir vistas e ainda há o prazo de apresentação da defesa.
E, então, a Câmara dos Deputados fica virtualmente paralisada até fevereiro do ano que vem. E o Governo, bom ou mau, sem o ajuste fiscal, sem orçamento, manietado.
Aí está a explicação sobre o surto ético da oposição, recém-separada de Cunha, que o acovardamento político do PT, infelizmente, não tem explicado à população.
E, assim, deixa que a imprensa a confunda com essas caras de santinho com que se apresentam agora os ex-tucanocunhistas.
Definitivamente, quem não parte para a polêmica está deixando que as elites e sua mídia usem a política como sua arma para confundir o povão.
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