Cidade de São Paulo tem redução de acidentes acima da média estadual


Por Marcos O. Costa

Redução de mortes no trânsito é duas vezes maior na Capital, do que no Estado de São Paulo


A Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo acaba de divulgar suas estatísticas sobre mortes no trânsito. No Estado de São Paulo houve uma expressiva queda de 25,57% no número de mortes no mês de Setembro de 2015, enquanto as lesões corporais culposas caíram 20,3%. Entretanto vale a pena se debruçar mais detidamente sobre os dados coletados.
Houve queda no número de mortes e lesões no trânsito no interior do Estado. Em setembro de 2015 ela foi de 18,22% em relação às mortes. Já as lesões corporais culposas caíram 20,16%. Estes números, apesar de significativos, colocam o interior de São Paulo abaixo do índice geral do Estado de São Paulo.
Já na Capital a queda em Setembro foi muito acima da média do Estado, nada menos do que 50% menos mortes. O total de lesões corporais baixou 23,89%, de 2.239 para 1.704 registros. Mesmo a Grande São Paulo não atingiu os índices paulistanos ao contabilizar uma redução de 41,67% nas mortes e 16,05% nas lesões.

Outro aspecto interessante revelado pelas pesquisas é que em Setembro, no Estado, a redução foi superior a registrada desde o início do ano. Porém, no Interior do Estado verificamos que a redução foi levemente menor do que no resto do  ano: 18,21% contra 18,53%. De outro lado a redução na Capital, em Setembro foi quase o dobro da registrada ao longo de 2015. A Grande São Paulo também apresentou forte redução na comparação dos mesmos períodos, mas novamente abaixo dos índices paulistanos.
Abaixo, reorganizei os dados da Secretaria de forma a facilitar a análise:
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O que explica esta redução tão claramente localizada no tempo e no espaço? No dia 20 de julho de 2015 a Prefeitura de São Paulo adotou o limite de 50km/h na maior parte das vias da cidade. Nas Marginais e outras vias expressas os limites foram reduzidos para 70km/h e 60 km/h. Também foram criadas áreas de velocidade reduzida nas quais o limite é de 40km/h. Além disto ações ao longo dos últimos anos expandiram as áreas de ciclovias e calçadas.
Penso que fica comprovada, agora também em São Paulo, a eficiência das políticas de redução e fiscalização dos limites de velocidade. Cai por terra a crítica, segundo a qual, a redução estaria ligada à crise econômica. A crise não foi capaz, por exemplo, de produzir a mesma redução obtida na Capital no restante do Estado. Cabe reiterar que os números obtidos pela Cidade de São Paulo são compatíveis com os verificados em outras cidades que reduziram seus limites de velocidade. Em Nova York uma pesquisa constatou que o limite de 40 km/h é 50% mais eficiente do que o de 50 km/h.
É verdade que em relação ao Interior do Estado a Capital tem uma grande vantagem. Os números relativos aos acidentes de trânsito nas estradas estaduais, entram na conta do Interior. E é claro que a margem para uma redução de limite de velocidade nas estradas é muito menor do que nas cidades. Contudo estes números recém divulgados devem servir de alerta ao Governo do Estado, no sentido de se intensificar a fiscalização aos motoristas nas rodovias. Ao mesmo tempo, mostra às Prefeituras do Interior do Estado o enorme potencial dos programas de redução de velocidade, no que tange à queda do número  de mortes e lesões no trânsito. Resultados que obviamente minimizam as tragédias pessoais, ao mesmo tempo em que reduzem os gastos com tratamentos, seguros, etc…
É possível reduzir drasticamente os trágicos números do trânsito no Brasil. Basta menos velocidade e mais fiscalização (que educa).
Nota 1

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