Tijolaço: A ousadia dos canalhas

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A expressão de Nélson Rodrigues, que andou sendo usada para sugerir que pessoas de bem devessem ter a ousadia dos canalhas parece, enfim, ter encontrado o lugar certo.

Na coluna de Fernando Rodrigues, no UOL, Eduardo Cunha promete colocar em votação, assim que passar o feriado, a votação dos pedidos de impeachment de Dilma.

Na de Merval Pereira, discute-se se “é mais prático” cassar Dilma através do TSE para  não depender de Eduardo Cunha, que “micou” definitivamente.

A ansiedade de aparecer como “moralizador” vira o fio do discurso hipócrita.

Nem a velhinha  de Taubaté acreditaria que uma manobra para votar o impeachment às pressas se faria sem estar combinada com o PSDB.


Nem o maior irresponsável do mundo – exceto um canalha muito e muito ousado – se atreveria a acenar ao país com a ascensão do molambo político Eduardo Cunha ao Governo da República, o que aconteceria com o simples  acolhimento da denúncia contra Dilma.

Até Reinaldo Azevedo, de cujo furor antipetista ninguém pode duvidar, escreveu ontem: “Temos de conviver com o fato de que Cunha é um excelente presidente da Câmara; de que prestou um serviço inestimável à democracia; de que nos protegeu de golpes do petismo e de que está sendo alvo de uma investigação direcionada. Mas também é verdade que não consegue se defender de uma acusação grave, que o inabilita para continuar na Presidência da Câmara”. E, depois: É preciso saber a hora se dizer: “Não dá mais”.

Mas não é possível se, apesar disso, prosseguirá a ação desesperada. E, com os padrões éticos e morais de nosso Legislativo, sequer que vá ser mal-sucedida.

O pior dos canalhas não é sua ousadia. É a quantidade em que os há, hoje, em nossas instituições.

E que apesar das contas, dos cartões, das academias e farras, não deixam Eduardo Cunha só.

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