Tatiana Merlino expressa a dor pela impunidade de Ustra; veja depoimentos de presos torturados por ele
Amelinha Teles, o marido e a irmã foram torturados no DOI-CODI; os filhos pequenos, Janaína e Edson, foram levados até lá pelos militares
Ivan Seixas teve o pai preso morto sob tortura no DOI-CODI; mas na Folha da Tarde, jornal que a família Frias cedeu à ditadura, saiu que tinha sido num tiroteio
O ex-deputado Adriano Diogo encontrou Ustra na cadeia; muito depois, liderou a Comissão da Verdade no Estado de São Paulo
Hoje é um dia triste. Morreu, aos 83 anos, Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi, um dos maiores centros de tortura da ditadura civil-militar. Viveu 60 anos a mais do que meu tio, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, a quem ele impediu de seguir sua vida ao comandar as intermináveis sessões de tortura que o levaram à morte, em 19 de julho de 1971.
Ustra morreu de “morte morrida” e não de “morte matada”, como suas vítimas.
Dia triste para todos familiares de mortos e desaparecidos sob suas ordens. E para os que sobreviveram às torturas. Porque Ustra morreu num hospital. Deveria ter morrido na prisão. Dia triste porque morreu sem ser julgado e preso.
Durante décadas, familiares de mortos e desaparecidos lutaram por justiça. Apenas em 2008 foi declarado torturador pela justiça paulista em ação movida pela família Teles. Em 2012, foi condenado, em primeira instância, a pagar uma indenização à minha família, em ação por danos morais. No país em que torturador da ditadura não é punido, foi o pouco que se conseguiu.
Hoje, a impunidade venceu a justiça.
Veja também:
Comentários