Fernando Brito: Está na hora das provas, não do “ele disse”
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O que torna absolutamente críveis as acusações contra Eduardo Cunha, feita pelos delatores Julio Camargo e Fernando BaianoSoares?
Simples, as contas na Suíça e nos EUA, fartamente documentadas.
E o que prova que Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff, Pedro Barusco e outros são ladrões públicos?
Claro, as contas que mantinham lá fora, cujos valores estão sendo repatriados.
O resto, as delações premiadas, têm o valor de indícios, que devem – ou não – ser comprovados materialmente.
É assim que funciona e deve funcionar.
Em algum ponto o dinheiro desemboca e é contrário ao bom-senso que gente capaz de furtar milhões e milhões de dólares não se beneficie pessoalmente disso.
É aí, quando o dinheiro se materializa no bolso, nas contas ou nos bens de alguém que se sai do “em tese” e entra-se no campo do que vale: as provas.
Talvez provas não sejam importante nos julgamentos promovidos pelo Dr. Sérgio Moro, onde já se entra condenado, seja a muito, seja a pouco, dependendo da disposição em delatar.
Criou-se uma estranha inversão no que deveria uma investigação isenta, serena e profunda, conduzida pelo lado da lei: quem a dirige são os delatores, com suas verdades de alcaguetes, sempre “tirando do seu” e apontando outros, preferencialmente os que percebem que os condutores do processo desejam que seja inculpado.
E o paroxismo chega ao ponto de serem tratados quase como heróis, como naquela ocasião em que Paulo Roberto Costa problamou seu arrependimento e conversão, diz agora outro ladrão que com alguns milhões ocultos para sobreviver em seu novo paraíso espiritual.
Parece até que estamos num estranho “campeonato” de delações, para ver qual é a mais escandalosa e quem mais “alto” compromete, com o evidente desejo de que se chegue a Lula, mesmo que seja a custa de “uma nora” sem nome ou de algum esperto que explorasse o prestígio do ex-presidente.
É isso o que diz hoje, direto como sempre, Janio de Freitas, na Folha:
É a fase em que a prioridade dada a delações premiadas, em detrimento de investigações efetivas, vai mostrar desencontros como um problema para os juízes. Talvez não para Sergio Moro, mas para aqueles que nas instâncias superiores vão julgar recursos e para os ministros do Supremo, que conduzem os casos de políticos apontados por delatores.
Será a hora de provas. E, quem sabe, a hora da verdade. Advogados dizem haver, à espera de elucidação, numerosas incoerências de delatores e contradições entre vários deles, ou deles com empreiteiros. Para os delatores premiados também será um problema, e problema maior a falta de provas, porque a queda de afirmações suas pode fazer tribunais superiores anularem o prêmio de liberdade. Para vários deles, já se pode ver, liberdade endinheirada.
Liberdade endinherada como a que gozou, por anos, o delator Alberto Yousseff, a quem Moro deixou livre, por ser seu dedo-duro no caso Banestado, para delinquir mais
Estamos, com o império dos delatores, transformados em oráculos da verdade, mesmo sendo ladrões confessos e provados, vivendo a negação do que se quer: o crime que compensa.
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