Escravidão moderna: Como parentes e voluntários salvam reféns do EI? (Exclusiva)

Militantes do Estado Islâmico na cidade de Mossul no Iraque

Sputnik News - 02/10/2015 - Estado Islâmico: pior ameaça mundial 

Um homem para ser vendido ou executado... Uma moça para apedrejamento ou escravidão sexual... Os iraquianos têm de travar negociações difíceis com representantes do Estado Islâmico para salvar as vidas dos seus parentes sequestrados pelos terroristas.

A agência Sputnik publica uma matéria exclusiva sobre a prática de escravidão estabelecida pela organização terrorista Estado Islâmico (proibida na Rússia) nos territórios ocupados do Iraque. A agência também irá contar dos riscos que correm os negociadores. Trazendo resgate, eles mesmos podem perder a vida ou o dinheiro todo sem libertar os reféns. 
Os mais “valorosos” são mantidos sob terra
Os mais valorosos reféns iraquianos são mantidos numa prisão que é uma verdadeira cidade subterrânea e fica na província de Anbar no oeste do Iraque. Os terroristas pedem 120 mil dólares para estes reféns. 
Segundo disse à Sputnik um dos habitantes da província, Abu Karim, “os militantes do Estado Islâmico devolvem aos parentes os homens, adolescentes e idosos detidos sem qualquer motivo em troca por grandes montantes”. 

Segundo ele, “A quantia do maior resgate fez 120 mil dólares, caso contrário os militantes ameaçaram matar o refém”. 
O interlocutor explicou que o resgate médio para um dos milhares de prisioneiros das prisões do Estado Islâmico em Anbar fica entre 20 e 30 mil dólares.
Negociações só são travadas com mulheres
A exigência mais importante por parte dos jihadistas do EI para os parentes consiste em que o dinheiro para o resgate deve ser trazido somente por mulheres. Só mães e mulheres e exclusivamente através de um entendimento prévio com um senhor de guerra do Estado Islâmico podem resgatar o seu filho ou marido. 
Esta informação foi divulgada por um habitantes de Anbar chamado Rahim al-Anbari. Sublinhou que se não é possível recrutar mulheres para negociações, o refém pode ser executado. Infelizmente, diz al-Anbari, isto acontece quase cada dia em cidades de  Faluja, Ramadi e Anbar.
Milhares de iraquianos na província de Anbar foram detidos e emprisionados pelo tribunal sharia do Estado Islâmico com base em acusações fabricadas que não têm nada a ver com a atualidade. Alguns deles ficam na prisão por mais de seis meses ou um ano. 
Salvação de mulheres yazidi 
Fica cada vez mais difícil salvar as mulheres yazidi no Iraque (uma comunidade étnico-religiosa curda no norte do Iraque) do cativeiro ou escravidão sexual dos militantes do Estado Islâmico. Os curdos yazidis vivem em áreas mais perigosas na fronteira entre o Iraque e a Síria. Somente os voluntários mais corajosos ocupam-se da salvação destas mulheres. 
Abu Shujaa é um destes homens. Ele contou como resgatava mulheres e suas crianças da confissão yazidi que foram mantidas em áreas perigosas de Raqqa, no norte da Síria, e em Mossul, no Iraque. 
Shujaa disse à Sputnik que “se trata-se de libertação de yazidi numa área perigosa e distante, faz-se em um série de etapas e pode custar de quatro até sete mil dólares”.
Um outro meio de resgate de mulheres iraquianas e as suas crianças consiste em estabelecimento de contato com o seu dono-militante. Neste caso, o resgate que deve-se pagar para a mulher e as crianças pode alcançar 30 mil dólares”, explicou.
Neste caso os terroristas do EI exigem primeiro receber o pagamento através de pessoas confiáveis que as vezes são mortas por terroristas que levam o dinheiro sem libertar os reféns.   
Preço de salvação
Para evitar morte ou prisão os iraquianos na província de Anbar devem pagar aos militantes para receber a permissão de deixar a área conquistada por terroristas. Eles vão aos territórios mais seguros onde por via de regra vivem em campos de tentas. Para salvar-se os iraquianos-sunitas pagavam de 200 até 2.000 dólares aos militantes do EI. Esta informação foi divulgada por um refugiado Munir Said.
Ele sublinhou que neste momento não é possível deixar Ramadi e Faluja, os militantes deixam as famílias escaparem somente por razões de saúde e sob responsabilidade de um comandante do EI e se eles não voltarem à cidade em conformidade com as condições concordadas previamente, os militantes podem matar os seus parentes e explodir as suas casas.
O grupo terrorista Estado Islâmico, anteriormente designado por Estado Islâmico do Iraque e do Levante, foi criado e, inicialmente, operava principalmente na Síria, onde seus militantes lutaram contra as forças do governo. Posteriormente, aproveitando o descontentamento dos sunitas iraquianos com as políticas de Bagdá, o Estado Islâmico lançou um ataque maciço em províncias do norte e noroeste do Iraque e ocupou um vasto território. No final de junho de 2014, o grupo anunciou a criação de um "califado islâmico" nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.

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