Dilma discute com Unasul projetos para uma agenda positiva

Bandeiras dos países membros da Unasul
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Sutinik News - 15/10/2015 - Geórgia Cristhine


A Presidenta Dilma Rousseff se reuniu esta semana com o secretário-geral da Unasul – União das Nações Sul-Americanas, Ernesto Samper, para conversar sobre os projetos futuros do bloco que interessam o Brasil.

A Unasul é um bloco formado por 12 nações da América do Sul – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela –, com presidência rotativa e sede permanente em Quito, Equador. O bloco visa a fortalecer as relações comerciais, culturais, políticas e sociais entre os países-membros.
Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, Rafael Araújo, professor de História e Relações Internacionais da Unilasalle e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e especialista em políticas latino-americanas, caracterizou o encontro entre Dilma Rousseff e Ernesto Samper como mais uma forma de o Governo retomar junto aos países da Unasul uma agenda positiva, que ajude o Brasil a superar o atual momento de crise econômica.

“O recente encontro entre Dilma Rousseff e Ernesto Samper vem no sentido de não só fortalecer os projetos prioritários do Brasil para a América do Sul – por exemplo, utilizando o fomento da infraestrutura como meio de fortalecimento da integração regional – mas também, num momento em que o Brasil patina economicamente junto com outros países sul-americanos, como a Venezuela. É importante para o Brasil estreitar os seus laços políticos e econômicos com o seu entorno sul-americano, buscando que isso possa contribuir para que o Brasil supere a crise econômica e o rebaixamento que vem sofrendo nos graus de investimentos internacionais.”
De sete projetos de infraestrutura que a Unasul tem em vista, cinco, segundo o Governo, beneficiam o Brasil. São projetos principalmente ligados ao setor de transportes, como o Corredor Rodoviário Caracas–Bogotá, a integração energética, um acesso ao rio Amazonas, uma ferrovia entre Paranaguá (no Brasil) e Antofagasta (no Chile), e a melhora na navegabilidade dos rios da Bacia do Prata, constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai e por seus afluentes.
A Unasul também defende a criação de um banco de preços de medicamentos no âmbito da entidade e estuda a possibilidade de liberalização das operações domésticas de tráfego aéreo.
Rafael Araújo acredita que os projetos entre o Brasil e a Unasul são vantajosos para o país e podem realmente ajudar a sair da crise.
“À medida que essa integração é fortalecida, o Brasil tem maior capacidade de vender os seus produtos, além da venda de tecnologia para o seu entorno sul-americano. Sem sombra de dúvida, isso é mais um passo para ajudar, não só para fortalecer projetos que são estratégicos ao Brasil, mas também as empresas brasileiras tanto da construção civil quanto aquelas que vão se beneficiar das exportações. É evidente que a melhoria da comunicação física entre os países sul-americanos é um agente de fomento às exportações da indústria brasileira, mas também de produtos agropecuários.”
Na semana passada a Presidenta Dilma Rousseff também recebeu em Brasília o governador da Província de Buenos Aires e candidato à Presidência da Argentina pela Frente para a Vitória, Daniel Scioli. No encontro, Dilma afirmou que a Argentina é um parceiro fundamental para o Brasil, é um eixo que se deve cultivar na América do Sul.
O Professor Rafael Araújo também acredita na força da aliança do Brasil com a Argentina, mas entre os países da Unasul ainda destaca a forte parceria com a Venezuela.
“Eu acho que esse eixo Buenos Aires-Brasília-Caracas é fundamental para o Brasil. Desde a redemocratização dos dois países na década de 1980, o Brasil tem uma profícua relação com a Argentina, relação que se intensificou na primeira década do século XXI. Penso que tanto as falas da Dilma no sentido de estreitar relações com a Argentina quanto as movimentações recentes do Daniel Scioli, favorito para a sucessão da Cristina Kirchner, demonstram que esse profícuo relacionamento vai se manter. E talvez até aumente, já que num momento de crise econômica o Brasil tem como prioridade fortalecer a relação com os países sul-americanos. A Argentina nesse ponto é central, mas eu não desconsideraria a aliança com a Venezuela, já que nos últimos 15 anos ela foi muito importante para o desenvolvimento da integração sul-americana.”
Ao analisar a crise política, Rafael Araújo lembra que, após encontrar-se com Dilma Rousseff, o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, anunciou que a União das Nações Sul-Americanas é contra qualquer tentativa de impeachment contra a presidente brasileira, recomendando que as conturbações políticas no país devam ser solucionadas seguindo as legislações brasileira e internacional.
O especialista em políticas latino-americanas considera muito importante a posição de Samper, e concorda que a presidente brasileira cada vez mais procura em seus parceiros sul-americanos apoio para lutar contra os movimentos internos e externos que articulam para tirá-la do poder.

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