Vannuchi: 'Levy não pode impor agenda; Dilma deve negociar ajuste, mas tem de ter lado'

PAULO VANNUCHI



Para o analista, em meio a escalada golpista, presidenta Dilma pode perder apoio de setores importantes caso insista em cortes defendidos pelo mercado
por Redação da RBA publicado 18/09/2015 10:30, última modificação 18/09/2015 17:13
ARQUIVO/ABR
Dilma e Lula
Para o comentarista, Dilma não pode se submeter à agenda do mercado que foi derrotada nas urnas
São Paulo – Para o analista político Paulo Vannuchi, em comentário à edição de ontem (17) do Seu Jornal, daTVT, é preciso que a presidenta Dilma Rousseff faça a opção por uma agenda popular, que defenda os direitos dos trabalhadores, em detrimento da agenda de "austeridade" imposta pelo mercado.
Ele disse que essa era a expectativa em relação ao encontro, previsto para ontem, de Dilma com o ex-presidente Lula. Segundo Vannuchi, Lula insistiria que "em política, é preciso fazer acordo, é preciso fazer ajustes, é preciso fazer negociação. Mas é preciso, antes de mais nada, ter lado."
O analista afirmou que, dentre as novas medidas de ajuste anunciadas nesta semana, há algumas alternativas interessantes, como a realocação de recursos antes destinado ao sistema S – Sesc, Senai etc. – para a Previdência e o retorno da CPMF, mas o anúncio do congelamento dos salários dos servidores públicos, que considera "desastroso", deve acarretar em desgaste para o governo, com inevitável movimento de greve.

O comentarista lembrou ainda que a aplicação de tais medidas ocorrem num contexto em que as forças de oposição se lançam em nova escalada golpista, com pedidos de impeachment levados à Câmara e articulações de bastidores envolvendo o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Não pode agora o ministro da Fazenda (Joaquim Levy), com suas ligações com o mercado, impor a Dilma a agenda que foi derrotada nas eleições". Caso insista nessa direção, a presidenta corre o risco de ver enfraquecido o ímpeto dos movimentos sindical e popular em sair em defesa do seu governo, "os únicos capazes de pôr freio à marcha golpista", segundo Vannuchi.

Comentários