O que nos dizem gregos e gregas, e o que podemos dizer a eles

Foto agorapanos77



Fausto Giudice Фаусто Джудиче فاوستو جيوديشي 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu

Que lições podemos extrair da experiência grega dos últimos oito anos?*Ofereço, para reflexão e debate, algumas (hipó)teses que a experiência me sugere:
  1. A Eurozona é uma jaula de ferro. Jaulas não se democratizam. Jaulas têm de ser destruídas.
     
  2. O poder está com os grandes bancos alemães, franceses, ingleses e holandeses.
     
  3. Governo nacional surgido de uma maioria parlamentar não tem margem de manobra nem qualquer poder real. Só pode aplicar o que Bruxelas, Berlim e Frankfurt o mandem aplicar.
     
  4. Atualmente, a soberania nacional não tem sentido algum. A soberania popular sim, mas sob certas condições.
     
  5. A única alternativa possível a esse sistema terá de ser construída de baixo para cima erga omnes (para todos), sem antolhos nem exclusivismo ideológico.
     
  6. Esta alternativa deve ter por objetivo satisfazer as necessidades fundamentais das pessoas, com vistas a oferecer gestão correta dos bens comuns, quer dizer, autogestão desses bens.
     
  7. Esta alternativa pode e deve ser construída hic et nunc (aqui e agora), independentemente da politicagem tradicional, dos prazos eleitorais e das estruturas estabelecidas numa democracia representativa.
     
  8. Só povo que tenha soberania alimentar e seja economicamente autônomo pode das as costas aos bancos e ao sistema deles, e dar sentido concreto ao seu "NÃO".
     
  9.  Os gregos e gregas não podem eleger: se quiserem dar sentido ao seu "NÃO", eles/elas têm de pôr em prática um "SIM". Sim a:

    a)    Um retorno à terra, plantando e cultivando para ter o que comer: “A terra para quem nela trabalha".

    b)    Criação de suas próprias moedas locais, autogeridas, não bancárias, cujo curso se ajustará em função do tempo. 1DD (δημοτικηδραχμή/dracma popular) = 1 hora de vida.

    c)     Criação de suas próprias fontes de energia, renováveis, gratuitas, limpas.

    d)    Criação de suas próprias estruturas de poder popular (λαοκρατία/laocracia**) para gestão dos bens comuns e dos territórios, e das relações sociais. Uma democracia direta, horizontal, sem delegação, sem burocratização, com cargos de eleição popular designados por sorteio e revogáveis a qualquer momento.
Só se se converter em zona liberada na Europa, a Grécia poderá conseguir que a Europa incline-se na direção de uma lógica de saída da jaula de ferro.

Nem euro nem dracma! Laocracia!

Notas
* Contados a partir de 6/12/2008, data do assassinato de Alekos Grigoropoulos, em Exarchia, que iniciou ciclo prolongado de lutas, com altos e baixos.
**  Laocracia: poder popular. O termo designa as estruturas que a Resistência grega pôs em funcionamento nas zonas liberadas durante a "guerra civil", de 1945 a 1948.


Foto agorapanos77




Muito obrigado a Tlaxcala
Fonte: http://azls.blogspot.com/2015/09/ce-que-nous-disent-les-grec-ques-et-ce.html
Data de publicação do artigo original: 14/09/2015
URL deste artigo: http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=15941
- See more at: http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=15941#sthash.5MmtVK0r.dpuf

Comentários