Cíntia Alves: Polícia Federal nega explicações sobre pedido para ouvir Lula na Lava Jato
SEX, 11/09/2015 - 17:54
Jornal GGN - Vazou na imprensa na tarde desta sexta-feira (11) um trecho de um pedido assinado pelo delegado Josélio Sousa, do grupo da Polícia Federal em Brasília que atua na Lava Jato, solicitando ao Supremo Tribunal Federal autorização para ouvir o ex-presidente Lula na investigação sobre corrupção na Petrobras.
A revista Época foi o primeiro veículo a publicar, por volta das 12h, que Lula aparece em um trecho do relatório da PF que pede que a "pessoa" do ex-presidente seja investigada sob suspeita de ter sido beneficiada pelo esquema de pagamento de propina na estatal. O delegado fala em benefícios pessoais para Lula, para o governo e para o PT.
O GGN solicitou acesso ao documento, mas a assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que a corporação não vai comentar o fato porque trata-se de uma investigação em andamento. Questionada sobre o contexto em que a passagem sobre Lula está inserida no ofício (a mesma publicada por Época, reproduzida acima), a assessoria sublinhou que "não desmente nem confirma" a reportagem e tampouco fornecerá mais detalhes sobre o assunto.
Segundo a nota da revista, "o ex-presidente Lula é suspeito de ter se beneficiado do petrolão para obter vantagens pessoais, para o PT e para o governo." O veículo também adiantou que nem o relatório de Sousa ou a PF esclarecem porque a autorização para colher o testemunho de Lula foi remetida ao STF e não à primeira instância, já que o petista não detém mais foro privilegiado.
A Folha de S. Paulo teve acesso ao documento e diz que ele foi enviado ao STF na quarta-feira (9), e ainda será analisado pela Procuradoria-Geral da República, pois o relator da Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, só pode decidir sobre pedidos da Polícia Federal após manifestação formal do PGR Rodrigo Janot.
Mais sóbria que Época, Folha destacou que "em seu relatório, o delegado reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula, porém considera que a investigação 'não pode se furtar à luz da apuração dos fatos' se o ex-presidente foi ou não beneficiado." O jornal ainda observou que, no relatório, o delegado citou depoimentos de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, que "presumem que o ex-presidente tivesse conhecimento do esquema de corrupção", em função do cargo que ocupava e "tendo em vista as características e a dimensão" do caso.
Além de Lula, o delegado da PF pediu para colher depoimentos do presidente do PT Rui Falcão, de José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, ambos ex-presidentes da Petrobras; de José Filippi Jr., ex-tesoureiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010), e dos ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e José Dirceu. "O delegado também pediu que sejam ouvidos políticos do PMDB e do PP, como os ex-ministros Francisco Dornelles e Mario Negromonte."
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