AFP: Estados Unidos recorre ao Irã após tropeço de estratégia na Síria


O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em reunião com o chanceler iraniano, Javad Zarif, em Viena, em 1 de julho de 2015

Estados Unidos e diplomatas ocidentais tentaram neste sábado improvisar uma estratégia diplomática para acabar com a guerra na Síria, após o último golpe sofrido por seu plano militar.
O secretário de Estado, John Kerry, e seus colegas europeus tiveram que apelar ao tradicional inimigo Irã à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Irã e Rússia apoiam o presidente sírio, Bashar al-Assad, visto por Washington como principal instigador de uma guerra civil que deixou o país nas mãos do grupo jihadista Estado Islâmico.
Pouco disposto a permitir um processo de paz que manteria Assad no poder, que matou e desrespeitou milhares de sírios, os Estados Unidos tem apoiado pequenos grupos rebeldes "moderados".
Mas esta estratégia parecia ter fracassado neste sábado, depois que o Pentágono admitiu que o último grupo treinado pelos Estados Unidos para entrar na Síria entregou um quarto de sua equipe para a Al-Qaeda.
Anteriormente, um grupo de 54 homens que entraram no norte da Síria no começo deste ano foi atacado pelo braço local da Al-Qaeda, a frente Al-Nosra, o que deixou apenas quatro das cinco guerrilhas ativas.
Em contraste com os medíocres esforços dos Estados Unidos para reforçar seus aliados no território, Itã e Rússia demonstraram ser bons amigos de Assad, que não larga o poder de Damasco.

O Irã mobilizou uma milícia de combatentes xiitas treinados e monitorados pela Guarda Revolucionária iraniana, e a Rússia enviou uma potente presença militar em uma base do território de Assad.
Com sua estratégia indo por água abaixo, Kerry e aliados foram a Nova York para persuadir Teerã e Moscou a encontrar uma solução política para o conflito.
Kerry e a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, se reuniram sozinhos com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, para tratar do assunto.
"Vejo esta semana como uma boa oportunidade para muitos países de desempenhar um papel muito importante de resolver alguns dos assuntos mais difíceis do Oriente Médio", disse Kerry neste sábado, em coletiva concedida com Zarif.
"Precisamos alcançar a paz e seguir avançando na Síria, no Iêmen, na região, e creio que esta semana temos a oportunidade, através de debates, de fazermos algum progresso", afirmou.
- Implantação do acordo nuclear -
Segundo um comunicado da União Europeia, Zarif disse a Mogherini que o Irã deveria ajudar a ONU a conseguir um compromisso político que coloque fim à guerra na Síria.
Antes de suas negociações com Kerry, Zarif deixou claro que o mais importante para o Irã em seu diálogo com Washington continua sendo a implementação do acordo nuclear assinado em abril com cinco potências mundiais em troca da suspensão de sanções.
"Vamos concentrar nesta reunião a implementação total do Plano conjunto de Ação", disse Zarif, referindo-se ao acordo para limitar as ambições nucleares do Irã.
"É o projeto que começamos juntos e esperamos que, através de dua implementação total, de boa fé, acabemos com alguns dos mal-entendidos que existiram durante décadas. Essa é minha prioridade", afirmou.

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