Lula para Chanceler: Dilma não pode ficar na mão de Temer

É urgente que o governo rompa o imobilismo, se refaça no Congresso e designe um novo ministério com nomes verdadeiramente representativos.

FC Leite Filho - Café na Política - na Carta maior




Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
A velha praxe de que em política não há vácuo, está se evidenciando cada vez mais em Brasília. O poder escorre das mãos de Dilma e vai quase todo para as do vice-presidente Michel Temer. Dilma está sozinha e precisa de alguém de peso e com liderança nacional e internacional para ajudá-la a sair do isolamento. E este alguém é Lula, que, ao contrário de Temer, ainda um desconhecido e que só transita nas cúpulas do poder, sobretudo midiático e empresarial, tem potencial para levantar o moral e dar uma nova dinâmica ao governo e reprojetar o Brasil como a grande nação que foi durante seu octênio.

Debaixo de cerrada campanha dos setores anti-nacionais que decidiram apear a presidenta do poder a qualquer preço, Lula nomeado certamente irá intensificar as pressões contra Dilma. Haverá um espasmo num primeiro momento, inclusive repetindo a lenga-lenga de que ela não manda mais, mas isto, sabemos, é um incômodo que vai durar pouco. O mais urgente é que o governo rompa o imobilismo, se refaça no Congresso e designe um novo ministério com nomes verdadeiramente representativos do país e não dos desgastados e corruptos dirigentes partidários.


Alguns jornais e blogs chegaram ontem a aventar a possível designação de Lula para o ministério das Relações Exteriores, uma área que ele domina bem, não com os punhos de renda da diplomacia burocrática, mas com prestígio de grande calado, que abarca desde uma admiração profunda na América Latina, até um trânsito fácil na Europa, Estados Unidos, Mundo Árabe, Rússia e China. Mas hoje esses jornais já tratam de esconder a notícia, possivelmente receosos de que a sua consumação poderá implicar aquilo que menos desejam: a recuperação do poder presidencial de Dilma Rousseff.

É isso mesmo, Dilma nomeando Lula chanceler, o título usado pelo chefe do Itamaraty, (alguns falam em ministério da Defesa, o que seria mais uma arapuca, por causa do isolamento e do pouco prestígio desta pasta, ainda dominada pela burocracia militar e evidentemente detesta o ex-presidente), também terá condições de ausentar-se de Brasília. Ela precisa abandonar as vidraças dos palácios futurísticos e ganhar as ruas para defender seu governo diretamente junto ao povo e a maioria social que a reelegeu, contra toda a avalanche do poder econômico.

Foi assim que fez Lula, quando este mesmo poder oculto das finanças, que não é visibilisado nem votado, mas que bota e tira presidente a seu bel prazer, aqui e alhures, tentou enlameá-lo, em 2005, com o chamado escândalo do mensalão. Ele foi para as ruas, onde estão as verdadeiras forças do poder popular, e lá não só recobrou forças para governar, como também para credenciar-se à reeleição em 2006 e sair do Palácio do Planalto como um dos presidentes mais queridos do BRasil




Créditos da foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

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