Luis Nassif: As intrigas contra Michel Temer

Recém-eleita presidente da República, Dilma Rousseff recolheu-se à sua dieta e às conversas com Aloizio Mercadante, visando eleger a nova presidência da Câmara Federal. Políticos mais experiente alertavam que não havia possibilidade de vencer a disputa. O governo jogou todo seu peso.... e flutuou.
A tentativa frustrada arrebentou a aliança parlamentar que, até então, garantira a governabilidade, deixando-o praticamente de joelhos ante o furacão Eduardo Cunha.
A análise de cenário indicava que a Lava Jato chegaria até Eduardo Cunha. Mercadante apostou tudo nessa possibilidade, sem avaliar quando tempo levaria para isso ocorrer.
Cunha seria eleito de qualquer maneira. Compondo com ele o estrago teria sido menor do que o terremoto representado por sua vitória.

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Aos trancos e barrancos, tentou-se rearticular a base.
Conselheiros próximos a Dilma convenceram-na a abrir espaço para o vice-presidente Michel Temer e nomear o gaúcho Eliseu Padilha para os Transportes.
Trata-se daquelas raposas velhas e sábias que ajudam a acomodar a base, seja qual for o governo, FHC, Lula ou Dilma.
No primeiro encontro com Dilma, Mercadante conduziu Padilha até a porta do gabinete e marcou território avisando: você tem meia hora. A conversa acabou durando quatro horas, provavelmente intercalada com recordações do Rio Grande do Sul.
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Mais.
Em sua primeira aparição pública como Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa falou em alterar as regras de reajuste do salário mínimo.
Foi uma afirmação perdida entre outras, provavelmente passaria despercebida, não fosse a circunstância de Dilma ter exigido uma retratação, por influência de Mercadante.
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Mercadante tem inúmeras virtudes.
Mas tem três problemas típicos de acadêmicos paulistas, presentes também em Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
O primeiro, uma arrogância ostensiva, um sentimento de superioridade que dificulta o relacionamento com mortais comuns, especialmente do meio político.
O segundo, as táticas de intrigas, próprias dos Palácios e da academia.
O terceiro, uma enorme dificuldade em avaliar a conjuntura e a correlação de forças. O sentimento de superioridade acaba levando-o sempre a superestimar a própria força.
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É por aí que se cria uma nova nuvem nublando o horizonte.
As últimas informações sobre os conflitos com o vice-presidente MichelTemer não são animadoras.
Temer é um político experiente, responsável, que, em função de sua senioridade, tornou-se uma espécie de avalista da governabilidade. Jamais avançou além das suas atribuições e só se colocou em campo depois de convocado.
Em pouco tempo, a poeira política começou a baixar. Mesmo enfraquecido no PMDB, em relação a Eduardo Campos, devido ao fato de Dilma tê-lo relegado a segundo plano, Temer conseguiu aos poucos recuperar terreno.
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Agora, volta-se ao velho erro de avaliação de cenário, julgando que o indiciamento de Eduardo Cunha resolverá todos os problemas do governo e começando um jogo de desgaste com Temer.
O mote da última intriga foi atribuir a ele ambições de voos autônomos, por sua afirmação de que há necessidade de se unir o país para superar a crise.
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Esse jogo inconsequente poderá jogar pela janela a última âncora de governabilidade do governo Dilma. 

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