Líder camponesa é assassinada no dia da Marcha das Margaridas

Na quarta-feira (12), no dia em que milhares de mulheres de todo o país faziam a Marcha das Margaridas na capital federal, capangas a mando de latifundiários invadiram a casa da líder comunitária do Ramal da Portelinha, Maria das Dores Salvador Priante, no município de Iranbuda, no Amazonas, e a sequestraram e assassinaram com requintes de crueldade. 


ALE-AM
Dora já havia registrado 20 boletins de ocorrência, nenhum foi atendidoDora já havia registrado 20 boletins de ocorrência, nenhum foi atendido
“É inadmissível que em pleno século 21, barbaridades como esse cruel assassinato de uma mulher líder camponesa aconteça sob as barbas da polícia do estado do Amazonas”, afirma Isis Tavares, presidenta do CTB-AM e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Amazonas.

“Isso acontecer no dia que encerramos a festa da Marcha das Margaridas, com grande destaque na mídia nacional e internacional é completamente impensável tamanho desrespeito à figura da mulher e ao movimento sindical como um todo”, reforça Isis. “Dar doze tiros numa pessoa, sendo cinco no rosto ultrapassa a questão do sindicalismo e realça o ódio que essa gente tem das mulheres”, acentua. “Hoje todas nós somos alvo desses homens que odeiam as mulheres”.



A CTB-AM divulgou nesta sexta-feira (14) uma nota de repúdio ao assassinato de dona Dora, como era conhecida a líder rural. Igual a Margarida Alves, assassinada em 1983 pelo latifúndio, Dora levou cinco tiros no rosto. “Dora foi assassinada por um homem, de quem ela recebia constantes ameaças. Ela chegou a registrar 20 boletins de ocorrência, mas seu apelo não foi ouvido pelas autoridades”, denuncia Isis.

Os movimentos sociais têm a plena convicção da ligação do crime por disputa de terras e a data escolhida denota ódio de gênero. “Ignorar a Marcha das Margaridas revela a total convicção de impunidade que essa gente tem”, ataca Isis. “A CTB defende o direito à livre associação dos trabalhadores e das trabalhadoras, sem que eles tenham que temer por suas vidas e na defesa e reivindicação de seus direitos e exige rigorosa apuração dos fatos”, complementa a presidenta da CTB-AM.




Comentários