Helena Sthephanowitz: Bolsonaro contratou ex-agente da Abin campeão de gastos com cartão corporativo

RELAÇÕES SUSPEITAS


Ex-agente e capitão reformado nomeado pelo deputado foi investigado pela CPMI do Cartões Corporativos do Governo Federal em 2008 e identificado com o terceiro maior gasto, de R$ 331,1 mil
por Helena Sthephanowitz, para a RBA publicado 16/08/2015 
WILSON DIAS / ABR
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Bolsonaro: o mesmo "araponga" usado para desgastar o governo petista hoje está lotado em seu gabinete
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) nomeou para o cargo comissionado de secretário parlamentar em seu gabinete na Câmara o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o capitão reformado Telmo Broetto. Trata-se do terceiro maior "gastador" usando o cartão de pagamentos do Governo Federal para suprimento de fundos de despesas sigilosas identificado na CPMI dos Cartões Corporativos do Governo Federal, realizada em 2008.
Naquela época a oposição fez a tal CPMI e mirou gastos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pelas despesas do Palácio do Planalto e da Abin, cujo detalhamento é classificado como sigiloso por motivo de segurança nacional.

Entre os "arapongas que gastavam em sigilo" – como os oposicionistas na mídia tratavam o assunto – Broetto era titular do cartão de pagamentos que registrava o terceiro maior gasto, totalizando R$ 331,1 mil.
Acionado pela CPMI, o Tribunal de Contas da União (TCU) realizou auditoria no uso dos cartões da Abin e identificou irregularidades formais, mas não crimes de desvio de dinheiro público. O "araponga" nem era um agente que realizada investigações e sim trabalhava em setor administrativo, no almoxarifado da Abin onde realizava compras para o órgão com o cartão, algumas inadequadas segundo o TCU. Aliás, aquela CPMI não encontrou desvio nenhum, de ninguém, encontrando apenas alguns gastos fora das regras.
Parece até irônico que o mesmo "araponga" usado para desgastar o governo petista pela oposição da qual Jair Bolsonaro fazia parte, hoje está lotado no gabinete do deputado oposicionista.
Outra curiosidade é Telmo Broetto ter doado dinheiro para a campanha eleitoral do filho do patrão nas eleições de 2014. Doou R$ 7.000 para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho de Jair. Em 2006, época em que pilotava o cartão corporativo da Abin, Telmo já havia doado R$ 9.000 ao outro filho do atual patrão, o deputado estadual Flavio Bolsonaro (PP-RJ).

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