Fernando Brito: E Sérgio Moro, agora, faz diferença?

11 de agosto de 2015 | 19:41 Autor: Fernando Brito
laerte
Uma das mais intrigantes questões, agora que parecem se confirmar as suposições que se fez um pacto político-empresarial para “acabar com o frege”, a desordem, como dizia a minha avó, na vida política brasileira, é o que será do Dr. Sérgio Moro, com suas ideias ferozes que lhe fluem sob modos aparentemente calmos.
Curiosamente, sua situação é semelhante à de Eduardo Cunha; tal como ele, conserva o poder mas tende a perder o estrelato.
Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, foi o primeiro a aventurar-se a responder à pergunta sobre se Sérgio Moro, a esta altura, faz mesmo diferença.

Paulo aposta que Moro irá “estrategicamente tirar o pé do acelerador”, até porque o trunfo que tinha em mãos – a decretação da prisão de Lula – parece , a esta altura, impossível de ser jogado sobre a mesa.
Tendo a concordar com ele, com as reservas que aprendi a usar em relação a homens devastados pela vaidade e pela sensação de poder, desde que assisti  “O homem que queria ser rei“, o genial filme de John Houston.
Em três dias saberemos, porque será a sexta-feira, dia predileto das decisões morísticas, suficientes para a capa da Veja no sábado e a tempo para insuflar (ou tentar insuflar) as manifestações de domingo.
Cujo o provável “murchamento” já é perceptível – e a charge do genial Laerte Coutinho, que ilustra o post, é um sinal –  e isso agora será destacado pela mídia.
O serenar de ânimos na política será a porta de entrada para sucessivos alívios na situação econômica, porque havíamos invertido os sinais e é ( ou era a) política quem construía, em boa parte, o agravamento da crise da economia, numa inversão ao que normalmente ocorre.
Haverá mais inconformismo com este pacto à esquerda do que à direita, ainda que seja esta a maior perdedora, pois está trocando o poder de direito que não tem pela anulação parcial  do poder de quem o tem, legitimamente.
É bom se guardar e evitar as fanfarras de um bisonho núcleo de poder que, incapaz de ser vitorioso, é capaz de sair comemorando sua própria capitulação.
Afinal, para muitos, o exercício do poder é o cargo, não a transformação da vida.

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