Vannuchi: 'Juros da dívida sugam esforço do ajuste fiscal'

Analista político analisa os desdobramentos econômicos e políticos do processo de elevação dos juros com o aumento da Selic
por Redação RBA publicado 28/07/2015 
MARCELO CAMARGO/ AGÊNCIA BRASIL
manifestacao contra ajustes fiscais
Manifestação organizada pela CUT em Brasília contra política econômica adotada pelo governo
São Paulo – Os desdobramentos econômicos e políticos da escalada de juros foram o tema do comentário do cientista político Paulo Vannuchi hoje (28) na Rádio Brasil Atual. "A elevação dos juros faz com que o governo eleve seus gastos. O juros da dívida que sugam todo esforço do ajuste fiscal. Você corta investimentos, introduz medidas provisórias que cerceiam os direitos do trabalhador e tudo isso é sugado inteiramente por cada meio ponto percentual que a taxa de juros sobe", afirmou.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne hoje (28), e deve anunciar amanhã uma nova taxa de juros. O aumento estimado para a taxa Selic é de 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 14,25% ao ano. Contra esse ajuste, a CUT e demais centrais sindicais organizam manifestações ao longo do dia em Brasília e São Paulo.

Outro ponto de impacto negativo na economia, de acordo com Vannuchi, é que os "juros mais altos significam menos investimentos, ou adiamento de investimentos, promovendo um freio no crédito e no consumo. Isso, daqui a pouco, bate em freio no comércio e os trabalhadores começam a ter problema de emprego".
O analista afirmou que as medidas de ajuste fiscal "não abrem a menor expectativa de superação dos problemas da economia no país", e que os desdobramentos no campo político podem "abrir brechas para que a propaganda reacionária, conservadora, a propaganda de Eduardo Cunha, dos setores pró-ditadura, cresça e contamine cada vez mais segmentos de oposição".
Vannuchi ponderou que as manifestações promovidas pelas centrais possuem importância no atual cenário político e econômico. “Eles não ficam parados e vão às ruas para protestar contra essas medidas que não abrem expectativas de superação dos problemas do Brasil.”
Em entrevista, também para a Rádio Brasil Atual, o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Brito, afirmou que as manifestações que ocorrem hoje são “em virtude do plano Levy”. Para o presidente, "é possível apresentar uma política econômica alternativa que não prejudique a classe trabalhadora e o país como um todo". Ele ainda avaliou que a comunicação do Banco Central é “algo que a população não tem acesso”, e por isso defende que os trabalhadores sejam representados no Copom.
Ouça as íntegras das entrevistas para a Rádio Brasil Atual:
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