O sábio e a multidão segundo Epiteto

Postado em 10 jul 2015
Epiteto, nascido na Grécia por volta de 50 DC, passou boa parte da vida como escravo, em Roma. Foi alforriado por seu dono, Epafrodito, um dos favoritos de Nero. Fascinado pelas idéias de Rufo, um pensador estóico, Epiteto acabou, ele próprio, se transformando num filósofo cuja sabedoria ultrapassaria a barreira do tempo. Como Sócrates, jamais escreveu um livro. Um discípulo, Arriano, compilou suas idéias num livro. As frases abaixo, que fazem parte da nossa série “Conversas com Escritores Mortos”,  foram tiradas de um capítulo chamado “O Filósofo e a Multidão”.
Senhor Epiteto, como o senhor distingue o homem sábio do tolo?

A primeira diferença é a seguinte. Um diz: “Estou com problemas por causa do meu irmão, do meu filho, do meu pai”. Mas o outro, se alguma vez disser que está com problemas, vai refletir e afirmar: “Por causa de mim mesmo”.
De onde vem nosso costume de atribuir aos outros a responsabilidade por todos os nossos problemas?
Desde cedo somos acostumados a isso. Na infância, por exemplo – quando tropeçamos, nossa babá não nos adverte para prestarmos atenção, mas bate na pedra. Que mal fez a pedra? Ela deveria sair do lugar para que uma criança distraída não tropeçasse?
O senhor poderia elaborar isso um pouco mais?
Se a criança não encontra nada para comer ao sair do banho, a babá não vai moderar o seu apetite, mas sim advertir o cozinheiro. Por que ralhar com o cozinheiro? É a criança que precisa ser aperfeiçoada.
Senhor Epiteto, e quais as consequências disso, em sua opinião?
Com esse tipo de coisa, jamais crescemos. Mesmo quando somos adultos, parecemos crianças. Pois uma pessoa sem musicalidade é uma criança em música. Uma pessoa iliterata, uma criança em letras. E alguém que não recebe a educação devida é uma criança na vida.
Senhor Epiteto: clap, clap, clap. De pé.

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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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