Ligações ao nazismo voltam a assombrar família real britânica

Publicação de imagens da rainha Isabel II a fazer a saudação nazi quando era criança reabrem debate sobre ligações da coroa britânica ao regime de Hitler. Historiadores e deputados exigem abertura dos arquivos da família real.

ESQUERDA.NET - 20 de Julho, 2015 - 16:45h

Eduardo VIII e Adolf Hitler na Alemanha em 1937.
O jornal sensacionalista britânico The Sunpublicou uma foto retirada de uma filmagem de 1933 em que surge Isabel II, então com 7 anos, com a sua mãe, Isabel, a sua irmã, a princesa Margarida e o seu tio, então príncipe de Gales e mais tarde rei Eduardo VIII.
“Filmagem secreta de 1933 mostra Eduardo VIII a ensinar a saudação nazi à Rainha”, era o título do jornal, que dedicava várias páginas a este filme familiar de apenas 17 segundos. As imagens parecem ter sido recolhidas no castelo de Balmoral, na Escócia, onde a então princesa Isabel passava as suas férias. Até agora, desconhece-se como este material caiu nas mãos da imprensa.
A publicação não foi bem recebida pelo Palácio de Buckingham, residência da família real britânica, que se sentiu “decepcionada que um filme, gravado há oito décadas e, aparentemente, do arquivo pessoal da família de Sua Majestade tenha sido obtido e explorado desta forma”.

“Muitas pessoas vêem essas imagens no momento e contexto apropriados. É uma família a brincar e num dado momento fazem um gesto que muitos viram nas notícias”, referiu o porta-voz do palácio. “Ninguém, naquele momento, fazia ideia como evoluiria” o nazismo.
Isabel II a fazer a saudação nazi na presença do seu tio Eduardo VIIIIsabel II a fazer a saudação nazi incentivada pelo seu tio Eduardo VIII
Em declarações ao jornal inglês The Guardian, o deputado trabalhista Paul Flynn, membro da Comissão de Reforma Política e Constitucional e defensor da divulgação dos documentos confidenciais do príncipe Carlos, entende que a família real deve tornar o seu arquivo público, incluindo os documentos sobre a sua relação com os nazis na década de 1930.
“A família real não pode reprimir a sua própria história para sempre”, criticou Karina Urbach do Instituto de Investigação de História da Universidade de Londres. “Isto é censura e a censura não é um valor democrático. Têm que enfrentar o seu passado”, exigiu. O também historiador inglês Alex von Tunzelmann classifica a atual situação de “antidemocrática” e entender ser necessária um maior acesso aos arquivos e que a “história deste país pertence à esfera pública”.
No Reino Unido, ainda a figura de Jorge VI, pai de Isabel II, goza de grande popularidade e respeito, por ter decidido não abandonar Londres durante os bombardeamentos nazis à cidade. Mas, o seu irmão mais velho, Eduardo VIII, é uma figura bastante controversa pelas suas simpatias com Adolf Hitler, com o qual teve uma reunião em Munique, em 1937, dois anos antes do início da II Guerra Mundial. Durante a sua visita à Alemanha, Eduardo VIII, também reuniu com o número dois do regime nazi, Rudolf Hess.
Depois de abandonar o trono, com a ascensão do seu irmão mais novo Jorge VI, Eduardo VIII exilou-se em França onde morreria em 1972.

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