Folha repete 2007 e agora usa até morte trágica de adolescente para atacar legado de Lula
publicado em 25 de julho de 2015 às 16:18
Ao lado, obra de Lula
Por Luiz Carlos Azenha - no Viomundo
Em 2007 a Folha de S. Paulo publicou, com chamada de primeira página, um artigo do psicanalista Francisco Daudt responsabilizando o então presidente Lula pelo acidente da TAM no aeroporto de Congonhas.
“Governo assassina mais de 200 pessoas”, segundo Daudt, deveria ser a manchete com letras garrafais.
O mesmo episódio deu origem à escola jornalística do “testando hipóteses”, da lavra do atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel.
“Na cobertura da tragédia da TAM, a grande imprensa se portou como devia. Não é pitonisa, como não é adivinha, desde o primeiro instante foi, honestamente, testando hipóteses, montando um quebra-cabeça que está longe do fim”, escreveu ele em artigo.
O “teste de hipóteses”, no caso, incluiu uma reportagem de Rodrigo Bocardi no Jornal Nacional, assim descrita por Paulo Henrique Amorim: “O repórter Rodrigo Bocardi demonstrou de forma irrefutável que as condições da pista eram tais que uma chuva da espessura de uma moeda de R$ 1 foi suficiente para matar 199 pessoas. Reportagem memorável, porque se cercou de propriedade da Ciência Física que nem Einstein imaginou. Como prêmio, este repórter, hoje, domina a cobertura internacional da Globo, a partir de Nova York”.
Era o período do “caos aéreo”, que sintomaticamente resultou na troca de Waldyr Pires por Nelson Jobim no Ministério da Defesa.
A investigação do acidente concluiu que Lula não estava na cabine de comando do avião da TAM e que a “moedinha” de água do Bocardi cobrindo a pista de Congonhas não foi a causa da tragédia: a manete de aceleração/reverso estava na posição errada durante o pouso. Àquela altura, todas as hipóteses culpando Lula e/ou o governo pelo acidente já tinham sido testadas.
Para demonstrar que pouco mudou desde então a Folha de S. Paulo agora tenta associar Lula à morte de um adolescente no Rio de Janeiro.
Dedicou pelo menos duas manchetes de sua versão digital para fazer isso.
A suspeita é de que Christiano Tavares, o “garoto símbolo do PAC”, tenha morrido de overdose.
Para completar o quadro, Igor Gielow escreveu um texto espantoso em que explora a morte trágica de um adolescente para fazer política à moda de Francisco Daudt.
Ele chama de “perversa” a ascensão social dos pobres pelo consumo, como se tivesse sido nomeado para falar em nome “deles”. Não se envergonha de empregar a morte alheia, num texto carregado de falso sentimentalismo, para fazer metáfora sobre a “ruína” do Brasil.
Mais uma demonstração — como se não bastasse a capa da Veja — de quanto o ex-presidente Lula ainda assombra a direita brasileira.
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