Fernando Brito: E se a mãe do repórter da Folha fosse viajar 13 mil km, podia parar para dormir?

7 de julho de 2015 | 20:08 Autor: Fernando Brito
UFA
São 19 horas e 33 minutos, em Brasília, no momento em que começo a escrever este post.
Em Ufá, cidade russa onde será realizada a instalação do Banco dos Brics, são 3 horas e 33 minutos da madrugada de quarta feira.
Portanto, se eu inventar uma máquina de teletransporte instantâneo, daquelas do Jornada nas Estrelas, já chegaria lá oito horas mais tarde.
A Folha, porém, está intrigadíssima – e intrigando os leitores – com uma parada do avião que  leva Dilma para lá em Lisboa  e com o fato de que ela só chega lá amanhã à noite.

Dilma, com a parada para dormir algumas poucas horas – que tal entrar numa agenda de vários presidentes de países depois de uma viagem ininterrupta de um dia e meio? – vai gastar 36 horas no deslocamento.
UFA2Se o avião pudesse ir sem escalas – e não pode – levaria 2o horas de vôo, com mais as oito do fuso horário, 28 horas.
Se fosse de vôo comercial – a tabelinha dos horários está aí ao lado- levaria entre 31 horas e 47 horas.
E a Folha está intrigada com a duração da viagem…
Porque a Presidenta teria “omitido” a escala em Portugal. Ocorre que, perguntada, a equipe precursora de sua ida disse que haveria uma escala em Lisboa.
Dilma terá, se tanto, um descanso de seis ou sete horas ( e olhe lá! ), em um dia e meio de viagem, pois com uma hora meia entre desembarque e deslocamento até o hotel e idem para da saída até a decolagem, é a conta para encarar mais oito ou nove horas de viagem (6 mil km) da capital portuguesa até a cidade russa, com mais quatro horas de fuso, para chegar lá à noite
Isso só é notícia para, perdão, jornalista imbecil.
Dilma é uma mulher de 67 anos, a caminho dos 68.
Certamente o repórter da Folha – que sabe como é longa e sacrificante a viagem à Rússia, pois já esteve lá – tem uma mãe ou um parente com esta idade.
Mas se dedica a este tipo de mesquinharia e idiotice.
Claro, a criação do primeiro organismo mundial de financiamento voltado para os países em desenvolvimento, sem a hegemonia americano-européia é uma questão miúda.
Cada cérebro dá aos fatos a escala de valor de que é capaz, não é?

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