Fernando Brito: Duas falas, risco igual. Palavras só, agora, não adiantam mais

Autor: Fernando Brito
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Anuncia-se um pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff em rede de rádio e televisão para daqui a alguns dias.
A mídia, escancaradamente, já chama a atenção para um risco de “panelaço” e para a proximidade com a “Marcha dos Coxinhas-Parte 3″ prevista para o dia 16.
É lógico que a Presidente deve falar – e deveria estar falando muito mais, há muito mais tempo.
Mas será erro igual ao desastrado pronunciamento que gerou protestos antes, onde aparecia balbuciando desculpas, fazer um discurso triunfalista, mesmo que temperado com o honesto reconhecimento de problemas.

Segundo o “Painel” da Folha, Dilma “fará em agosto uma ofensiva para demonstrar sustentação política, social e econômica. Intensificará viagens, anunciará programas e reforçará marcas populares do primeiro mandato. Por sugestão de Lula, a presidente se reunirá com todos os movimentos sociais próximos ao PT, fotografará ao lado dos governadores do país inteiro e retomará o “conselhão”, fórum do Planalto com empresários.”.
Francamente, não creio na eficácia de nada disto e, pior, acho que tudo será um convite à demonstração daquela famosa “Lei de Murphy”, que enuncia que “tudo o que pode dar errado, dá”.
Perdeu-se, meses atrás, a chance de falar afirmativamente e este momento não volta.
Não adiante pedir compreensão, paciência e colaboração. O povo não tem porque tê-la, se as elites a negaram, ao ponto de o tal “ajuste fiscal”, até agora, praticamente , não ter tirado um centavo de quem tem para dar.
Ao contrário, via juros, deu bilhões a quem nunca perde no jogo do arrocho.
É preciso agir, agora, e incisivamente. E naquilo que mais preocupa a população mais pobre: os preços dos alimentos e o emprego.
O processo de desestabilização que se faz contra o Governo eleito no Brasil não é diferente dos que se fizeram e fazem em todos os países latinomericanos que assumiram uma orientação progressista na década passada.
Eles sobrevivem porque os enfrentaram, não porque tenham passado a mão na cabeça dos adversários, como se fosse possível amansar tigres famintos, sempre famintos.
É preciso buscar as fontes de sua legitimidade: a defesa do emprego, do salário, da soberania brasileira.
E fazer com que dela brotem medidas concretas.

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