Fernando Brito: Conversar nunca é crime. Mas o que se quer com a história “Dilma e FHC”?

24 de julho de 2015 | 17:32 Autor: Fernando Brito
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Não creio muito nesta história de Dilma estar atrás de uma conversa com Fernando Henrique Cardoso.
Não porque não deva ser vista como normal uma conversa entre figuras públicas, ainda mais uma Presidenta e um ex-Presidente da República.
Ao contrário, ela deveria ser sempre possível e eu próprio vivi muitas situações deste tido, com Leonel Brizola. Nuca houve, fora das “patrulhas ideológicas” nenhum problema em conversar com Figueiredo, Collor e Itamar, quando era governador do Rio.

Recusa, mesmo, só com Sarney, a quem chamava de “energúmeno” pelo nível criminoso de discriminação que este assumia em relação ao Rio de Janeiro.
(Para que se tenha uma ideia, nem os recursos dos royalties do petróleo eram pagos, embora já aprovados legalmente. Sarney empenhou-se em que o pagamento só se desse após o termino do primeiro governo de Brizola, com a posse de Moreira Franco).
Mas o que está por trás desta história da conversa de Dilma com Fernando Henrique Cardoso, tão alardeada nos jornais?
Lula desmentiu que estivesse intermediando encontros e FHC disse, com certos “maus bofes”, que Lula tem seus números de telefone.
Tudo indica ser obra de gente “muy amiga”, que usa sua proximidade ao Governo para produzir suas intrigas canhestras.
Essencialmente, um jogo de esperteza, não de sinceridades.
Se, de fato, emissários de Lula ou da própria presidência procuraram alguma forma de contato, eles ou aqueles que foram procurados já fizeram o primeiro gesto de quem não está preocupado com as eventuais consequências positivas para o País ao vazar a possibilidade da conversa.
Se não, é apenas uma “saia-justa” para a Presidente; se desmente, está e recusando ao diálogo político, se confirma seu interesse passa por quem anda a mendigar apoio da oposição, em seu estado de fraqueza.
É parte, apenas, do quadro de dissimulação comum nas crises, que os gaúchos resumem muito bem em um de seus ditados: “em tempo de guerra, boato é como terra”.

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