Cientista político avalia Dilma, Aécio e Cunha: “Brasil vive momento muito difícil”

Congresso Nacional, em Brasília, Brasil

Sputnik News - 28/07/2015

O Brasil está vivendo um momento político muito difícil, e, com a reabertura do Congresso Nacional na próxima semana, a temperatura política tende a subir ainda mais. A avaliação é do cientista político Antônio Celso Alves Pereira, que falou com exclusividade para a Sputnik Brasil.

Vinculado a duas das mais importantes instituições de ensino superior do país, a UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro e a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, o professor de Direito Antônio Celso avaliou a conjuntura nacional e, em especial, os mais recentes acontecimentos envolvendo a Presidenta Dilma Rousseff, o Senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Na segunda-feira, 27, Dilma reuniu 12 ministros para que eles instruam as suas bancadas no Congresso Nacional a envidar todos os esforços a fim de que um eventual processo de impeachment não seja instaurado. Os processos de impeachment têm início com o seu acolhimento pelo presidente da Câmara dos Deputados e, depois, com a aprovação do Congresso.
Para o Dr. Antônio Celso Alves Pereira, a presidente está fazendo tudo para se manter no cargo e concluir o seu mandato em 31 de dezembro de 2018:
“O país está paralisado”, diz ele. “Os sucessivos erros cometidos pelo Governo levaram a esta situação em que a temperatura política está muito aquecida – e deverá ficar ainda mais na próxima semana com a volta aos trabalhos do Congresso Nacional após o recesso parlamentar de julho – e a economia passa por grandes dificuldades. A Presidenta Dilma errou na condução da economia, e os fatos políticos, com as sucessivas denúncias de corrupção, abalaram o seu governo. De modo que Dilma Rousseff tentará, por todos os meios políticos, manter-se no cargo até o final do seu mandato. Quanto a um eventual processo de impeachment, sou contrário. Não é o caso nem há razões jurídicas para a presidente ser ré em tal processo. Um processo de impeachment não é nada bom para o Brasil. Nós já vimos isso com Fernando Collor de Mello em 1992. É um instrumento muito grave que só deve ser utilizado em circunstâncias muito excepcionais.”
Em relação ao Senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, o Professor Antônio Celso considera correta a sua iniciativa de aguardar pelas manifestações populares para anunciar a decisão do partido em relação à Presidência da República:
Naquela data haverá manifestações em todo o país, manifestações que estão sendo alimentadas pelas redes sociais.
Já sobre o Deputado Eduardo Cunha, do PMDB, presidente da Câmara, que no início de julho anunciou o rompimento com o Governo, o Professor Antônio Celso afirmou:
“Ao dizer que irá receber os pedidos de impeachment contra a Presidência da República, desde que contenham razões jurídicas e estejam adequados ao Regimento Interno da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que é um político muito experiente, está mandando um claro recado ao Governo. O que ele está pretendendo com isso? Há duas questões a avaliar: uma é a independência que ele procura manter em relação ao Governo; a outra é a possibilidade de ele estar desesperado com o fato de estar sendo investigado na Operação Lava Jato e com as consequências que poderão advir desta investigação.”
A Operação Lava Jato foi deflagrada pelo Ministério Público Federal do Paraná e pela Polícia Federal. A Operação está investigando as denúncias de corrupção envolvendo políticos, grandes empresas e empresários, além de graduados funcionários da Petrobras, hoje afastados da empresa, e pessoas correlatas. Alguns dos investigados estão presos no Paraná, outros obtiveram o benefício de aguardar em casa o julgamento, e outros ainda estão sendo investigados. Entre estes estão o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.


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