BBC: Em Milão, Dilma diz que 'não há rebelião no Congresso'
Marcelo Crescenti De Milão para a BBC Brasil - 11/07/2015
Na última etapa de sua viagem à Europa, a presidente Dilma Roussef visitou a Exposição Universal Expo 2015, em Milão, onde falou sobre a forte oposição que vem enfrentando no Congresso e sobre o reajuste do judiciário.
Na Expo, Dilma surpreendeu os jornalistas e membros da comitiva ao decidir galgar, com alguma dificuldade, a extensa rede que dá acesso aos andares superiores do pavilhão brasileiro, fugindo do protocolo.
Questionada se o início vacilante da sua escalada seguido de estabilização seria uma boa metáfora para o seu segundo mandato, a presidenta brincou: "meu mandato é mais firme que essa rede".
Ela disse ainda que "a gente sempre tem que ser ajudada para não cair".
Sem rebelião
Em conversa com os jornalistas durante a visita, Dilma negou que o congresso esteja se rebelando contra o seu governo. "Eu não chamo de rebelião as votações em que há divergências. A gente ganha umas e perde outras."
Ela também fez comentários sobre o reajuste do judiciário, dizendo que "é impossível o Brasil ou qualquer outro país do mundo sustentar um reajuste daquelas proporções", em uma referência aos 70 % de aumento defendido pelo ministro Ricardo Lewandowski do STF.
Questionada se acha que será necessário diminuir a meta do superávit, Dilma disse que nenhuma decisão foi tomada, mas que o objetivo é manter a meta. "O governo fará todos os esforços necessários para alcançar esse objetivo.
Dilma chegou à Expo por volta das 9 horas da manhã, antes da abertura do evento ao público.
O objetivo da Exposição Mundial, que acontece a cada cinco anos em um país diferente, é promover a troca de conhecimento em áreas como ciência, arte, educação e comércio. O tema da exposição deste ano é "Alimentando o Planeta, Energia pra a Vida".
Segundo o governo brasileiro, o projeto na entrada do pavilhão utiliza a metáfora da rede para representar "a integração dos diversos atores responsáveis pelo protagonismo brasileiro na produção de alimentos".
Investimentos e jatos
A visita da exposição universal de Milão neste sábado foi a última etapa da viagem de Dilma pela Europa, depois de participar da cúpula dos Brics na Rússia e de se reunir, em Roma, com premiê italiano, Matteo Renzi, e o presidente Sergio Matarella.
A presidente brasileira ouviu do premiê italiano que o governo de Roma espera "soluções" em casos bilaterais "difíceis" na área de Justiça.
Sem citar diretamente os casos recentes de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado no mensalão e preso na Itália, ou de Cesare Battisti, italiano condenado por terrorismo que ganhou asilo no Brasil, Renzi falou em "relações baseadas na cortesia" e disse esperar soluções para "questões abertas".
Segundo a presidente, a viagem à Itália foi extremamente produtiva. Os italianos teriam mostrado interesse em investir no Brasil e também na compra do avião de cargas KC 390 da Embraer.
A visita à Itália foi a última etapa de sua viagem pela Europa, em que ela também foi à Rússia participar da cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
A presidente deve retornar ao Brasil ainda neste sábado
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