AFP: 'Amo latinos', diz Trump na fronteira EUA-México


O magnata e pré-candidato republicano à Casa Branca Donald Trump é visto em 27 de fevereiro de 2015
O magnata e pré-candidato republicano à Casa Branca Donald Trump disse que "ama os latinos", mas voltou a denunciar a "imigração ilegal" durante uma visita à fronteira entre Estados Unidos e México, nesta quinta-feira.
"Emprego milhares e milhares de hispânicos. Amo o povo, os latinos. São grandes trabalhadores, gente fantástica. E querem imigração legal. Querem ser 'legais'. Não querem imigração ilegal com todo esse crime tremendo", declarou Trump, em uma improvisada coletiva, ao chegar à tarde à cidade de Laredo (Texas, sul).
"Vocês têm um verdadeiro problema aqui. E estou falando de toda a fronteira. Dizem que há um grande perigo, mas tenho de fazer isso (...) Vocês estão vendo a multidão lá fora, gritando a favor de Trump, porque querem que o problema se resolva", afirmou o empresário.
"Não há nada mais importante do que o que estou fazendo", comentou, chamando a imigração ilegal de "um problema enorme".
Ele atacou seu correligionário e concorrente nas primárias Rick Perry, acusando-o de ter feito um "trabalho terrível" como governador do Texas. Trump elogiou, porém, seu sucessor, o também republicano Greg Abbott.


Trump lidera, no momento, a corrida dos pré-candidatos de seu partido.
Confiante, Donald Trump garantiu que ganhará "o voto hispânico" e citou uma pesquisa recente no estado de Nevada (oeste), com uma importante população latina. Nessa enquete, ele estaria liderando a disputa com folga, com mais de 30% de apoio, contra 11% do segundo colocado.
O republicano também atacou fortemente a pré-candidata democrata Hillary Clinton, classificando-a de a "pior secretária de Estado da história do país". Ele garantiu que vai derrotá-la, caso ambos sejam escolhidos candidatos à presidência por seus respectivos partidos.
"Vai ser derrotada, e sou eu quem vai derrotá-la", vaticinou.
Boicote da Patrulha de Fronteira
A visita do bilionário aconteceu em meio a um boicote por parte do sindicato de patrulheiros da fronteira, que decidiu não participar de qualquer ato "após cuidadosa consideração de todos os fatores envolvidos".
Com sede em Laredo, o conselho local 2455 do Sindicato de Patrulhas de Fronteira indicou em um comunicado que não participaria de qualquer um dos eventos organizados por Trump. O boicote ao magnata foi adotado, depois de consultas com o Conselho Nacional de Patrulhas de Fronteira (NBPC, em inglês).
"Não se enganem. Nossa fronteira com o México não é segura e não há dúvida de que temos de ter uma discussão honesta sobre isso com o povo americano", indicou o sindicato, esclarecendo, porém, que o braço local da categoria "não endossa candidatos a qualquer cargo político".
Trump reagiu, imediatamente, acusando o NBPC de "pressionar" e "silenciar" o Conselho local de Laredo, depois que essa câmara convidou o candidato a uma visita.
Segundo ele, o sindicato foi "silenciado" por seus superiores em Washington, "que não querem que as pessoas saibam o quão ruim é a situação na fronteira".
"Estão apavorados e com medo de dizer o que está acontecendo", declarou à imprensa.
A Liga de Cidadãos Latino-Americanos Unidos (LULAC, em inglês) organizou um protesto contra Trump no aeroporto internacional de Laredo, uma cidade de população 95,6% latina, segundo o último censo de 2010.
Desde o lançamento de sua candidatura, em meados de junho, Trump escolheu um estilo bastante provocador. Logo no início da campanha, descreveu os mexicanos que atravessam a fronteira ilegalmente para os Estados Unidos como traficantes de drogas, criminosos e estupradores.
"Quando o México envia seu povo, não envia o melhor. Estão trazendo drogas, crimes e seus estupradores", polemizou.
Trump sofreu uma forte onda de rejeição da comunidade latina por suas declarações contra os mexicanos.
A Univisión, emissora líder entre os latinos e um dos canais mais vistos nos Estados Unidos, rompeu com a organização do Miss Universo de Trump, que também perdeu negócios com a NBC e a loja de departamentos Macy's.
Um mês depois, no último sábado, atacou John McCain, senador, ex-piloto e prisioneiro de guerra no Vietnã, afirmando que o político "não era um herói" e que ele "gosta de pessoas que não foram capturadas".

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