Prensa Latina: 56 anos a serviço da informação


Havana (Prensa Latina) Haviam transcorrido apenas cinco meses do triunfo da Revolução cubana quando, por iniciativa de seu líder histórico Fidel Castro e do Comandante Ernesto Che Guevara, em 16 de junho de 1959 foi transmitida a primeira notícia sob as siglas da Prensa Latina.
Os grandes monopólios da informação contavam então a realidade cubana e latino-americana a partir de suas distorcidas agendas, nas quais se silenciava a voz dos povos e se ponderava o papel das grandes economias capitalistas e intervencionistas.

Imperava a necessidade de uma agência de notícias capaz de levar ao conhecimento os novos contextos emergentes na região, de maneira verídica e imediata.


Em 22 de janeiro de 1959 - em entrevista à imprensa - o Comandante em Chefe Fidel Castro abordava o tema frente a centenas de jornalistas de diversas partes do mundo.

A "Operação Verdade", como assim chamou, tinha então o objetivo de desmentir os falsos critérios que se gestavam sobre o processo revolucionário.

Naquela ocasião, Fidel assegurou aos presentes: "Nós não temos redes internacionais. A vocês, os jornalistas latino-americanos, não resta mais remédio que aceitar o que lhes diga a rede internacional, que não é latino-americana.

"A imprensa da América Latina, acrescentou, deveria estar de posse dos meios que lhe permita conhecer a verdade e não ser vítima da mentira".

A novidade e a essência com as quais surgia a PL atraíram a atenção de reconhecidos jornalistas latino-americanos, como o colombiano Gabriel García Márquez e o argentino Rodolfo Walsh.

A criação da agência contou também com o apoio do jornalista argentino Jorge Ricardo Masetti, que foi o primeiro diretor geral.

Vários foram os comunicadores que, a partir de Havana, construíram as primeiras transmissões de notícias e iniciaram uma política informativa que conseguiu se manter e enfrentar, contra todos os prognósticos, o início de um período controverso.

Entre eles se destacam o brasileiro Aroldo Wall, os argentinos Ernesto Jaquetti, Alfredo Muñoz Unsain, conhecido como Chango; Rogelio García Lupo e Carlos Aguirre; o mexicano Armando Rodríguez Suárez e o venezuelano Eleazar Díaz Rangel.

Manuel Guerrero, um dos editores veteranos da agência, comentou que Masetti não só conseguiu reunir grandes estrelas do jornalismo, mas que implantou formas criativas na arte de informar, experiência adquirida depois da criação de uma agência com similares propósitos durante o governo de Juan Domingo Perón na Argentina.

Guerrero, que conta com mais de 50 anos de oficio, acrescentou que a PL passou por diferentes etapas, a mais difícil durante o período especial nos anos 90 em Cuba, quando muitas publicações e diários tiveram que fechar ou reduzir suas tiragens ou edições.

Comentou que, apesar disso, a Agência não deixou de informar e os que trabalhavam nela buscaram soluções que garantissem sustentá-la.

"Tentávamos que o Estado não nos desse dinheiro; criamos publicações interessantes; éramos o único meio que se autofinanciava", ressaltou.

A agência conta agora com 32 sucursais distribuídas em quatro continentes e com mais de 150 profissionais de jornalismo em suas redações, que tentam preservar o espírito com o qual, certa vez, jovens profissionais a constituíram.

Promotora e fundadora da União Latino-Americana de Agências de Notícias - há quatro anos - a PL continua defendendo a necessidade de estar alinhada com os interesses dos países da região e com os esforços políticos para a integração.

Neste sentido, tem marcado o ritmo informativo, noticiando os fatos mais importantes ocorridos no mundo e na América Latina, em particular os relacionados com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Alternativa Bolivariana para a América e a União de Nações Sul-Americanas, entre outros.

Enfatiza o princípio de defender a necessidade de ver a realidade a partir da perspectiva dos latino-americanos e caribenhos. Sobre o trabalho da agência, Guerrero, com 87 anos de idade, confessa que é um trabalho difícil, porque requer adaptação dos que recém ingressam. Indicou que o estilo cablegráfico é muito rápido e ao mesmo tempo tem que ser capaz de informar e manter o leitor interessado até o último ponto.

Recordou que o mais importante de uma agência é a rapidez na notícia, mas com qualidade, pois esta será referência de notícia para outros meios locais e internacionais.

Prensa Latina, que leva em seu nome o sentimento latino-americano, conta com serviços fotográficos, de televisão, editoriais e multimídia, bem como com portais na Internet em seis idiomas.

Pode ser que para os mais jovens "prensalatineros" 56 anos pareça muito tempo, mas, para uma agência que desde seu primeiro dia de constituída prometeu representar as realidades dos povos latino-americanos, é tão somente o começo do que lhe falta por fazer. Annet Martínez* 

* Jornalista da Redação Nacional da Prensa Latina.

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