Oposição equatoriana não aceita gesto conciliador de Correa

Imagen activaQuito, 17 jun (Prensa Latina) 

Alguns setores da oposição equatoriana fizeram ouvidos surdos ao gesto do presidente Rafael Correa de retirar temporariamente dois projetos de lei que geraram protestos, insistindo hoje em manter suas manifestações de rua.
Em Quito, pouco mais cem opositores do governo saíram às ruas ontem para exigir agora que sejam arquivadas de forma definitiva as propostas do governo de aumentar os impostos às heranças e à mais-valia e pedir a renúncia do mandatário.

Considerando as convocações feitas através das redes sociais, os protestos continuarão nesta quarta-feira na chamada Tribuna dos Shyris.

Assim como em dias anteriores, ali se concentrou ontem à noite um forte cordão policial entre opositores e a sede da dirigente Aliança PAIS, onde também se reuniram simpatizantes de Correa.

Por sua vez, o prefeito da cidade portuária de Guayaquil, Jaime Nebot, voltou a chamar seus correligionários a sair às ruas no próximo dia 25 de junho.

Segundo o político social-cristão, com a retirada temporária das propostas, o Executivo procura "ganhar tempo".

Com mais razão e motivo que antes, Guayaquil protestará na Avenida 9 de Outubro. Agora, além disso, contra o engano e também contra [a questão] de fundo, declarou Nebot.

A posição do prefeito contrapõe à assumida por outros setores como a Conferência Episcopal Equatoriana e a Câmara de Indústria e Produção, que elogiaram a decisão do mandatário.

Na segunda-feira, em uma mensagem à nação, Correa anunciou que retirava as propostas para evitar mais atentados violentos como as manifestações da semana anterior e garantir um ambiente de paz às vésperas da visita do papa Francisco, prevista de 5 a 8 de julho.

Por sua vez, convidou todos os equatorianos a participarem de um grande debate nacional sobre os projetos de lei em questão, e sobre o tipo de país que desejam.

Queremos debates, não gritos, queremos argumentos, não manipulação, enfatizou o mandatário.

Correa inclusive se mostrou disposto a arquivar de maneira definitiva ambos projetos de lei se seus opositores demonstrarem que os novos impostos propostos pelo Executivo afetarão os pobres ou à classe média do país.

No caso das heranças, o governo propõe uma taxa impositiva que começaria a ser aplicada de forma progressiva a partir de um patrimônio herdado equivalente a 100 salários básicos, ou o que é o mesmo, 35.400 dólares.

Segundo o presidente equatoriano, essa medida afetaria menos de dois porcento da população, pois apenas três em cada 100 mil equatorianos recebem a cada ano uma herança superior aos 50 mil dólares.

O encargo sobre a mais-valia, por sua vez, procura frear os lucros ilegítimos que os especuladores obtêm com a venda de terrenos e propriedades, sobretudo em zonas onde o governo constrói suas obras.

De acordo com Correa, com ambos projetos de lei o que se quer é conseguir uma melhor distribuição das riquezas, tendo em vista construir um Equador mais justo e equitativo.

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