Nílson Lage: a reinvenção da roda petista e como “la nave va”

20 de junho de 2015 |  Autor: Nilson Lage, colaboração para o Tijolaço
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Boa parte da fogueira que frita o PT no momento se deve a suas contradições históricas.
Partido trabalhista, quis inventar a roda. Pretendeu ser moderno, sem os “vícios do getulismo”, coisa de “novo trabalhador” – não daquele antigo, ferroviário da Central, marítimo do Loide, metalúrgico de Niterói…
Bom salário, segundo grau, carro novo na garagem… No embalo dessa fantasia, armou-se uma frente em torno de um brilhante negociador.
E se fez Lula.

Com ele, não apenas mãos calejadas e cabeças feitas, mas uma gosma de grã-finos emperequetados como a Marta; intelectuais entupidos de Foucault, Lacan, quando não embriagados de Timoty Leary (tudo decorado e pura pose, é claro); vagos ex-revolucionários empreitados pelas mais diversas ongs; e os eternos políticos oportunistas – iguais àqueles tantos que decolaram nas asas do Brizola..
Quando se somaram ao bolo as “minorias”: não se distinguiu a contradição econômica, motor da história, dos conflitos culturais (preconceitos), da relação com a natureza (ecologia), dos paradoxos existenciais (entre sexos, grupos etários): criou-se um projeto político doido, que pretendia reescrever o mundo via urna eletrônica.
Na euforia da vitória, o imperialismo poderia ser levado no papo e o poder das oligarquias reduzido à corrupção miúda, “baixo clero” que se compra barato, tribunais de arrogantes picaretas; bastava contentar sindicalistas pelegos, políticos municipais, bacharéis e doutores movidos a ganância. Fazer negócios como sempre se fez e jamais alguém reclamou.
A verdade, agora, bate à porta.
O imperialismo não é de brincadeira, as oligarquias se associam a ele prazerosamente, as corporações (médica, jurídica) não se dispõem a descer do Olimpo, jornalistas são sujeitos empregados que escrevem o que patrão manda – os patrões são poucos e safados – e uma parte das forças armadas procura ainda comunistas debaixo do tapete.
Aí, os intelectuais voltam a pairar nas nuvens e a chorar baixinho, as dondocas a dondocar, os carreiristas a fazer carreira e a vaca vai pro brejo.
É como em 1937 ou em 1954.
O caso é que, se Lula não é Jango, também não é Getúlio.

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