Flávio Aguiar: Grécia na guilhotina outra vez.

Agenda internacional para a semana

Flávio Aguiar, de Berlim - na Carta Maior

Diante da imposição da troika, Alexis Tsipras defendeu-se: "não temos o direito de enterrar a democracia europeia no lugar onde ela nasceu".

Wikimedia Commons
Grécia
Mais uma vez as negociações entre o governo grego, a troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) e representantes dos credores internacionais chegaram a um impasse. A reunião aberta no domingo terminou 45 minutos depois de começada. A raiz do novo impasse está em 3,6 bilhões de euros, 1% do PIB grego, valor do novo corte em pensões combinado com nova elevação do VAT (equivalente ao ICMS brasileiro) para garantir o superavit primário para pagamento das dividas contraídas e a contrair. O governo grego não concorda. As bolsas estão agitadas, correntistas ameaçam tirar seus fundos dos bancos gregos, fala-se cada vez mais abertamente na possibilidade da Grécia sair ou ser expulsa da zona do euro, a pressão política cresce, exigindo a capitulação e a humilhação do governo de Atenas.


O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, do SPD, colocou o dedo na ferida política ao afirmar que “não se pode permitir que as promessas exageradas do um governo parcialmente comunista sejam pagas pelos trabalhadores alemães e suas famílias”, numa tirada algo nacionalista que sublinha apenas a capitulação da cúpula do SPD alemão diante das políticas de “austeridade” e seu ideário neoliberal. Em contrapartida, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que “não temos o direito de enterrar a democracia europeia no lugar onde ela nasceu”. O impasse vai perdurar pelo menos até a quinta-feira, quando começa nova reunião dos ministros da área financeira da zona do euro.

OTAN
A OTAN vem recebendo pedidos e faz planos para deslocar 5000 mil soldados norte-americanos e 1200 veículos militares, incluindo 250 tanques M1A2, para territórios europeus, notadamente a Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia, Romênia, Bulgaria e Hungria, com o pretexto de “conter” supostas “ameaças” russas, diante de temores levantados pela re-anexação da Crimeia por Moscou depois do começo da crise na Ucrânia. O presidente Putin negou que tenha planos expansionistas, e reiterou que “atacar a OTAN seria uma loucura” que ele não cometeria. O movimento da OTAN, se concretizado, marcaria uma escalada sem precedentes nos últimos tempos da militarização do continente.

Papa Francisco
Na quinta-feira o Papa deve lançar uma encíclica com criticas duras sobre a agressão ao meio ambiente, incluindo o aquecimento global, e o avanço da desigualdade social no mundo. Antes mesmo de sua publicação a nova encíclica já vem despertando furiosas criticas por parte de setores conservadores dentro e fora da Igreja. As criticas internas falam que o Papa está afastando a Igreja dos princípios cristãos que devem norteá-la, enquanto as extras partem sobretudo da direita norte-americana.

Dominique Strauss-Kahn
O ex-diretor do FMI, ex-candidato a candidato do PS francês à Presidência da República, foi absolvido da acusação de aliciamento de prostitutas no país para festas de embalo, escapando de uma multa milionária e da prisão. Como também as acusações contra ele sobre assedio sexual em Nova Iorque também caíram, conclui-se que, por mais que seu comportamento possa ser desagradável por vezes, esse caso todo envolveu uma queima da reputação pessoal por parte da mídia antes da apreciação judicial do caso, sublinhando seus aspectos políticos.

Omar al-Bashir
Em atendimento a pedido do Tribunal de Haia, um juiz da África do Sul impediu que o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, deixasse o país, acusado de pratica de genocidio e crimes de guerra na região de Dafur durante os conflitos naquele território alguns anos atrás. A acusação fala em milhões de mortos. A decisão deve sair nesta segunda-feira. Críticos do Tribunal de Haia alegam que este tem focado principalmente lideres africanos, não prestando a mesma atenção a outras partes do mundo, como o Oriente Médio.

México
A Suprema Corte mexicana praticamente legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país, ao aceitar a revisão de proibições impostas por diversas províncias nesta matéria.

Libia
Autoridades deste pais anunciaram que o lider da Al Qaida Mokhtar Belmokhtar, tido como responsável por ataques do grupo na Argélia e na Líbia, teria sido morto durante bombardeio norte-americano na cidade de Ajdabiya, perto de Benghazi. Aguarda-se a confirmação da noticia. Mokhtar ja foi dado como morto mais de uma dezena de vezes no passado.




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