Arnaldo Cesar: Um corridão bem dado
Por Arnaldo Cesar - no Blog do Marcelo Auler - 13/06/2015
São muito interessantes os resultados apurados, esta semana, pela Polícia Federal com a “Operação Onipresença”, em Santa Catarina. Foram indiciados 27 médicos do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da UFSC, em Florianópolis. Vão ter que explicar as razões pelas quais não comparecem ao local de trabalho, apesar de ganharem salários que variam de R$ 16.597,12 a R$ 19.930,12.
As informações passadas pelo Ministério da Saúde à PF mostram que três deles apesar de regiamente remunerados nunca deram as caras no Hospital. Os 24 restantes até davam as caras, mas cumpriam menos de um terço da jornada de trabalho para a qual foram contratados.
O valor até que é modesto. Normalmente, quando se fala da “Máfia de Branco” costumam-se citar cifras bilionárias que escapam através das brechas de concorrências capciosas ou de furtos descarados dos estoques de medicamentos e insumos dos hospitais e postos de saúde.
Colocar a polícia nos calcanhares dos médicos faltosos é um fato novo que dará muito que falar. O Conselho Regional de Medicina daquele estado deve estar indignado. A corporação local está se articulando para vir às ruas protestar contra a arbitrariedade do governo. Certamente, irão aproveitar nestes atos para voltar a torpedear o programa “Mais Médicos”.
Muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte da “Operação Onipresença”. Como já é de praxe, haverá sempre um atalho legal para protegê-los de ter que ressarcir o Erário do dinheiro que receberam sem trabalhar. Restará, então, o constrangimento público imposto á esta categoria por conta do corridão que levaram da Polícia Federal.
É bom lembrar que os médicos não são os únicos que lançam mão destes expedientes deploráveis. Todos – inclusive os jornalistas – não resistem à ideia de receber dinheiro público sem trabalhar. Evoluímos. Pelo menos, em Santa Catarina, a impunidade deixou de passar em brancas nuvens.
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