Tsipras: “Os trabalhadores e reformados já sofreram que chegue”

No discurso na conferência organizada pela revista Economist em Atenas, o primeiro-ministro grego garantiu que não irá recuar na defesa dos salários e das pensões.
17 de Maio, 2015
Alexis Tsipras na conferência promovida na sexta-afeira pela revista Economist em Atenas.
Para uma plateia de convidados da revista Economist, o primeiro-minstro grego falou da situação de emergência em que encontrou as finanças públicas do país em janeiro e dos resultados que o seu governo tem para apresentar em abril, mês em que as receitas dos cofres públicos aumentaram 15,3% em relação ao previsto.
“Nos quatro meses do nosso governo, o saldo orçamental primário atingiu 2.164 milhões de euros, comparado com 1.046 milhões no mesmo período do ano anterior, e com a previsão de um défice de 287 milhões de euros”, sublinhou Tsipras.

"Alexis Tsipras colocou quatro condições para que esse acordo seja bem sucedido e possa ajudar a Grécia a sair da atual crise: metas mais baixas para os saldos orçamentais primários, em especial este ano e no próximo, nenhum corte nos salários e pensões, restruturação da dívida e um programa de investimento direcionado sobretudo a infraestruturas e novas tecnologias."
Tsipras afirmou o seu empenho em alcançar um acordo “justo e economica e socialmente viável” com os credores, responsabilizando “as constantes exigências para implementar as medidas da lógica do Memorando” como um fator que “não ajuda as negociações em curso”. E colocou quatro condições para que esse acordo seja bem sucedido e possa ajudar a Grécia a sair da atual crise: metas mais baixas para os saldos orçamentais primários, em especial este ano e no próximo, nenhum corte nos salários e pensões, restruturação da dívida e um programa de investimento direcionado sobretudo a infraestruturas e novas tecnologias.
O primeiro-ministro grego deixou um aviso “aos que pensam que à medida que o tempo passa, a resistência do lado grego vai sendo testada e as linhas vermelhas se vão apagando”. “Que se desenganem, porque isso terá o efeito contrário”, alertou. “Os trabalhadores e reformados já sofreram que chegue” nos últimos anos, acrescentou.
Os credores foram os principais alvos das críticas do líder do governo grego, que considerou ser imoral a situação em que colocaram o país. Tsipras lembrou que dos 7200 milhões bloqueados desde agosto de 2014 pelos credores, há 1900 milhões que são a parte da Grécia nos lucros do BCE e outros 1200 milhões em obrigações pagas com dinheiro do orçamento grego e transferidas para o Mecanismo Europeu de Estabilidade.
“Contudo, desde essa altura, mesmo não recebendo o dinheiro a que temos direito, pagámos reembolsos de 17500 milhões a essas mesmas instituições”, denunciou Tsipras.
“Se alguém acredita que isto é legal, eu compreendo esse ponto de vista. Vão dizer que essa lei está do lado dos credores. Mas quem considerar isto moral, não estará certamente a ser imparcial”, acrescentou.
Neste discurso, Alexis Tsipras descreveu algumas das medidas mais emblemáticas dos primeiros cem dias de governo, procurando responder à oposição, que acusa de estar num estado de “completa frustração” e de apenas acusar o governo por abandonar o Programa de Salónica. “Os factos falam por si”, prosseguiu Tsipras antes de enumerar as medidas concretas para responder à crise humanitária, introduzir justiça fiscal e reanimar a economia.
Entre os resultados já visíveis das medidas recém aprovadas, Tsipras destacou os processos de regularização de dívidas ao fisco e à Segurança Social, aos quais já tinham aderido até à semana passada 380 mil e 144 mil pessoas, respetivamente.

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