Jayme Careca: PF me fez dizer o que Youssef mandava dizer

Autor: Fernando Brito
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Assisti o depoimento do policial federal Jayme Oliveira Filho, o Jayme Careca, preparou hoje, grotescamente,a sua própria destruição como testemunha da Operação Lava Jato.
É inacreditável que um policial federal possa ser um idota como ele se apresenta, dizendo que não tinha ideia do que continham os envelopes que, por ordem de Youssef, saía para entregar.
Mas, para provar seu papel de idiota, enfiou um caminhão de areia na atuação da Polícia Federal no processo de delação premiada da operação.

Diz que o delegado federal o ameaçou de ficar preso se não prestasse colaboração.
Pior: recebeu orientação direta para dizer o que Alberto Youssef o mandasse dizer, com o requinte de receber caneta e papel para anotar o que o doleiro para declarar em seu depoimento.
Careca não disse que não fazia o que Youssef mandou-o dizer que fazia.
Mas disse claramente que dizia o que Youssef mandava dizer.
Chegam a ser patéticos os momentos em que ele diz que “se está escrito aí é porque é”.
E que recebeu orientação de um delegado federal para fazer o que o “comandante” Youssef o mandasse fazer.
“No dia do meu depoimento com com o Dr. Márcio, se eu não me engano (Márcio Anselmo Lemos)…eu já conhecia o procedimento. O DPF Márcio foi cortês, eu já conhecia o procedimento policial e ele me falou que, se eu não prestasse colaboração, eu ia ficar preso até a audiência (esta, realizada hoje, seis meses depois), que era o que estava acontecendo, era o (sic) praxe. (…) Aí (teria dito o delegado), você vai, que o Alberto vai lhe ajudar a fornecer os nomes e tal…Me forneceu uma caneta, um pedaço de papel e eu voltei para a carceragem e no dia seguinte ser ouvido. (…) Minha cela era ao lado da dele (Alberto Youssef) e ele falou: olha o endereço tal era sicrano, beltrano e eu fui  fui anotando aquilo mecanicamente”
A “cola” se repetiu por algumas vezes até que, segundo Careca, “apresentei os nomes que me forneceram, os valores “. Ainda voltou duas ou três vezes: “vai lá, pega mais alguma coisa”, foi a ordem da PF, alem de dividir o depoimento, separando os políticos que teriam foro privilegiado.
O trecho está a partir dos 9 minutos do primeiro vídeo do interrogatório.
Quem assiste o vídeo fica espantado que o duríssimo Juiz Sérgio Moro candidamente aceitar uma confissão de falso testemunho assim tão claramente admitida.
Careca não pede para retificar seu testemunho à polícia, mas diz que ele foi dirigido por Alberto Youssef e isso ocorreu por “sugestão” da autoridade policial, com a clara ameaça de que permaneceria preso  se não o fizesse.
A gravidade é muito maior  do que se tratar de uma eventual delação forçada.
É  a de se saber que a Polícia Federal induzia presos a dizerem o que Youssef mandaria ser dito.
Youssef, o “bandido profissional” – palavras do Juiz Moro – dirigindo os depoimentos!
E agora, “Careca” se apresenta e diz, como um anjo, que só disse o que Youssef mandou dizer e o que, curiosamente, incrimina Eduardo Cunha e Antonio Anastasia.
Só que, tecnicamente, as entregas a ambos são objeto de outro processo.
No STF, cuja investigação corre a cargo de Janot.
O cheiro das armações do Paraná contamina todo o processo, não só lá, mas no STF.

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