Fernando Brito: Eu te escuto, você me escuta. A PF do Paraná e a tragicomédia dos grampos

15 de maio de 2015 | 19:03 Autor: Fernando Brito
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Os grandes sites deram a notícia sem detalhes, apenas de que tinha sido encontrado um “aparelho de escuta” prédio da superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.
Ponto, mais nada.
Só o repórter Diego Ribeiro, do paranaense Gazeta do Povo, foi um pouco além. E vejam que pérolas que grifei:
“Um grupo de policiais federais descobriu um grampo ilegal dentro da sede da PF em Curitiba. A descoberta foi feita por acaso, enquanto os policias conversavam no cafezinho da PF sobre outra escuta ilegal descoberta na carceragem do ano passado.

O grampo a que eles se referiam foi descoberto na cela de Alberto Youssef. Na semana passada, um agente da PF admitiu que foi ele quem colocou a escuta. E disse que o fez a mando de três delegados que participam da Operação Lava Jato.
Na conversa informal, no cafezinho, os policiais se tocaram de que sempre os agente usam aquele lugar para conversar. E pensaram se não poderia ter alguém ouvindo aquilo ilegalmente. Começaram a procurar e acharam em seguida. A escuta estava em uma caixa de lâmpada de emergência.
Imediatamente, os policiais fizeram o registro da descoberta. Nos depoimentos que prestaram, consta que foi descoberto um aparelho “envolto em fita adesiva”, “aparentemente para captação de sinais sonoros” e “aparentando ter microfones nas pontas”. Curiosamente, um adesivo indicava o número “6”.
A história fica entre a comédia e a tragédia.
Quem entraria na sede da Polícia Federal para colocar um “grampo”? O Ed Mort, do Veríssimo? O detetive de infidelidade conjugal? Os repórteres-grampeadores da Veja?
A escuta na cela de Youssef era para escutar ele falando com as paredes? Ou para saber se ele falava dormindo?
Este policial foi preso? Os delegados que teriam mandado fazer a escuta estão afastados e respondendo a inquérito?
E os agentes, assim, casualmente, enquanto comentam o jogo do Barcelona no cafezinho, têm um estalo de Vieira e saem metendo a chave de fenda nas luminárias, com o “palpite” de que ouviam suas conversas amenas no lanche?
As imundícies da Lava-Jato não se resume, todos estão vendo, aos corruptos. Quando a sede da Polícia Federal vira palco de bandidagem desta natureza e a imprensa se cala está claro que lá, entre as araucárias, está implantado o vale-tudo.

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