DW: Colômbia suspende uso de glifosato contra cultivo de coca

Pulverizações aéreas de plantações ilegais são suspensas devido a temores de que o herbicida seja cancerígeno. Glifosato também é usado em lavouras de soja no Brasil.
Área plantada de coca na Colômbia é de 48 mil hectares
O governo da Colômbia anunciou nesta quinta-feira (14/05) que suspendeu as pulverizações aéreas com o herbicida glifosato em áreas de cultivo ilegal de coca devido aos possíveis efeitos nocivos do produto à saúde.

A decisão é tomada poucas semanas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar o glifosato como um produto possivelmente causador de câncer em pessoas. Segundo o ministro colombiano da Saúde, Alejandro Gaviria, a medida entrará em vigor em algumas semanas, assim que forem concluídos os trâmites administrativos.
O glifosato é também amplamente usado nas lavouras de soja transgênica no Brasil e na Argentina, sendo comercializado com o nome de Roundup e produzido pela empresa americana Monsanto. A soja transgênica é geneticamente modificada para ser resistente ao herbicida.
Desde 1994, o governo da Colômbia pulveriza lavouras de coca com o produto, na tentativa de matar as plantas. A estratégia foi apoiada pelos Estados Unidos. A Colômbia é um dos maiores produtores mundiais de cocaína, com 300 toneladas por ano, ao lado do Peru, que nunca usou as pulverizações.
As pulverizações aéreas ajudaram a Colômbia a reduzir a área plantada de coca – matéria-prima da cocaína – para 48 mil hectares em 2013, ante 163 mil em 2000. Na última década, a polícia colombiana eliminou dessa maneira mais de 1 milhão de hectares de coca.
A decisão de acabar com as pulverizações foi tomada pelo Conselho Nacional de Entorpecentes, apesar de vozes contrárias, como a do procurador-geral, Alejandro Ordoñez, que adverte para os riscos de que o cultivo da coca aumente no país.
O presidente Juan Manuel Santos pediu ao conselho que suspendesse o uso do herbicida depois de o Ministério da Saúde se pronunciar a favor da suspensão, citando o relatório da OMS e os possíveis efeitos cancerígenos do produto.
Tanto a Monsanto como o governo dos Estados Unidos negam que o glifosato seja cancerígeno. A Monsanto argumenta que poucas substâncias foram tão analisadas e estudadas quanto o glifosato. A União Europeia analisa se vai continuar permitindo o uso do herbicida, que é amplamente usado não apenas em lavouras, mas também nas cidades, para "limpar" terrenos.
AS/efe/rtr

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