Snowden revela plano de espionagem britânico na Argentina

Citando ex-analista da NSA, jornal argentino divulga programa de vigilância do Reino Unido para garantir soberania nas Ilhas Malvinas. Presidente Kirchner, ordena desclassificação de documentos sobre a guerra.
Um relatório publicado nesta sexta-feira (03/04) na página argentina de notícias Todo Noticias (TN), citando documentos vazados pelo ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), Edward Snowden, detalha um elaborado plano de espionagem conduzido pelo Reino Unido contra autoridades argentinas entre 2006 e 2011.

A vigilância teria sido implementada numa tentativa de garantir a segurança das Ilhas Malvinas, buscando informações "sobre interceptações e operações de intervenção ou outras manobras" por parte do governo argentino. Chamadas pelos britânicos de Falkland Islands, o arquipélago é controlado pelo Reino Unido desde 1833. No entanto, em 1982, forças argentinas tentaram ocupar as ilhas, resultando numa curta, mas sangrenta, guerra sobre o Atlântico Sul.
Segundo a publicação do TN, os documentos mostram que uma força-tarefa do serviço de inteligência britânico conduziu um programa de espionagem de "longo prazo e de longo alcance", denominado de Operação Quito. O programa incluía esforços em interceptar comunicações de líderes militares e políticos argentinos.
"Os novos documentos, nunca vistos antes, expõem como as mais secretas forças-tarefa [do Reino Unido] usaram um jogo sujo e lançaram sistematicamente desinformações numa ofensiva cibernética", escreveu o TN. "O objetivo: impedir que a Argentina recupere as ilhas."
Snowden, que trabalhou como analista para a NSA, vive no exílio na Rússia desde 2013, quando ele começou a vazar informações para jornalistas sobre programas de vigilância em massa conduzidos pelos EUA contra seus aliados, incluindo a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o governo brasileiro.
Kirchner ordena desclassificação de documentos
Cristina Kirchner participa de homenagem aos 33 anos do início da Guerra das Malvinas, em Ushuaia
As Ilhas Malvinas voltaram às manchetes na semana passada, quando o secretário de Defesa o Reino Unido, Michael Fallon, anunciou planos para gastar 180 milhões de libras esterlinas (cerca de 268 milhões de dólares) para combater a "intimidação contínua" da Argentina nos próximos dez anos.
Em visita à autodeclarada capital das Malvinas, Ushuaia, também nesta sexta-feira, a presidente a Argentina, Cristina Kirchner, afirmou ter ordenado a desclassificação de documentos secretas referente à Guerra das Malvinas. O ministério da Defesa tem agora um prazo de 30 dias para divulgar o material. Kirchner foi a Ushuaia para discursar em cerimônia em homenagem aos 33 anos do início da Guerra das Malvinas, que vitimou 649 soldados argentinos e 255 britânicos.
Apesar da derrota em 1982, Buenos Aires não desistiu na reivindicação sobre o controle do arquipélago, que fica a aproximadamente 400 quilômetros da costa do sul da Argentina. Num referendo realizado em 2013, 99,8% dos habitantes das Ilhas Malvinas votaram a favor da permanência do arquipélago como território britânico. Buenos Aires não reconhece o referendo.
PV/afp/ots/rtr/dpa

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