Obama: EUA devem escrever as leis da economia global, não a China

Barack Obama

Sputnik News

As leis da economia global devem ser escritas pelos EUA e por mais ninguém, segundo declarou o presidente norte-americano Barack Obama em mensagem ao Congresso na quinta-feira (16).
"Quando 95 por cento dos nossos potenciais consumidores vivem no exterior, devemos ter certeza de que nós estamos escrevendo as regras para a economia global, e não um país como a China", disse ele.


A declaração foi feita após a apresentação de um projeto de lei bipartidário que busca acelerar a assinatura de acordos comerciais internacionais, provendo garantias de que, uma vez alcançados, tais acordos devem ser aprovados ou rejeitados pelos parlamentares norte-americanos sem possibilidade de alterações. 
A Casa Branca está ansiosa para concluir este ano o Acordo de Parceria Trans-Pacífico (TPP), um ambicioso projeto para remover barreiras comerciais entre as nações participantes, que juntas representam 40 por cento da economia global e mais de um terço do comércio mundial, segundo relatou o WikiLeaks já em 2013.
Segundo a administração Obama, o pacto é essencial para criar novos mercados de exportação para os EUA e para responder à ameaça econômica representada pela China, que não faria parte do TPP. É que, eliminando-se as tarifas comerciais entre os signatários do acordo, os produtos da China ficariam menos competitivos no mercado global.
"Nossas exportações garantem mais de onze milhões de postos de trabalho, e nós sabemos que as empresas exportadoras pagam salários mais altos do que outras. Hoje temos a oportunidade de abrir ainda mais novos mercados para produtos e serviços acompanhados por três palavras orgulhosas: ‘Made in America’ [Produzido nos EUA]", acrescentou o presidente norte-americano.
À medida que cresce a preocupação de Washington com a influência chinesa no comércio mundial, a Casa Branca espera que um pacto de livre comércio na região do Pacífico consiga minar propostas alternativas à hegemonia pretendida dos EUA, como o Banco de Investimentos Asiático (AIIB), iniciativa da China que já conta com 57 membros fundadores, ou mesmo o Banco de Desenvolvimento dos BRICS. Ambas as instituições prometem desafiar o domínio do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A China quer escrever as regras para a região de crescimento mais rápido do mundo", disse o presidente dos EUA, referindo-se à Ásia em um pronunciamento feito em janeiro ao Congresso. "Por que deveríamos deixar que isso aconteça? Nós devemos escrever essas regras", disse Obama.
Em artigo na revista Project Syndicate, o pesquisador americano e Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, “na verdade, a oposição da América ao AIIB é inconsistente com as suas prioridades econômicas declaradas na Ásia”. Segundo o especialista, “infelizmente, parece ser mais um caso de insegurança da América sobre a sua influência global superando sua retórica idealista — desta vez possivelmente prejudicando uma importante oportunidade para fortalecer as economias em desenvolvimento da Ásia”.
Além disso, o TPP ainda representa uma séria ameaça às liberdades individuais, de acordo com o editor-chefe do WikiLeaks, Julian Assange.
"Se instituído, o regime de Propriedade Intelectual do TPP pisotearia os direitos individuais e a liberdade de expressão, bem como passaria por cima dos direitos comuns intelectuais e criativos. Se você ler, escrever, publicar, pensar, ouvir, dançar, cantar ou inventar; se você plantar ou consumir alimentos; se você está doente agora ou pode ficar um dia, o TPP tem você em sua mira", alertou Assange, em artigo no WikiLeaks sobre o documento vazado em novembro de 2013.
Os atuais membros nas negociações do TTP, além dos EUA, são Japão, México, Canadá, Austrália, Malásia, Chile, Cingapura, Peru, Vietnã, Nova Zelândia e Brunei.

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