Linha Direta com Vladimir Putin (Parte 1)
14/4/2015, Sessão anual com jornalistas, 2015,
Traduzido da transcrição em inglês pelo pessoal da Vila Vudu
POSTADO POR CASTOR FILHO
Ver também:
Linha Direta com Vladimir Putin, 2014, redecastorphoto em: Vladimir Putin:Perguntas & Respostas (Rádio & TV, com jornalistas) de 17/4/2014
AVISO IMPORTANTE:
A entrevista se inicia aos 16’15” do vídeo que se segue
Apresentador de Linha Direta, Kirill Kleymenov: Boa tarde. Você está assistindo a Linha Direta com o presidente Vladimir Putin. Aqui no estúdio hoje são Maria Sittel e Kirill Kleymenov
Apresentadora de Linha Direta Maria Sittel: Boa tarde. Exatamente um ano se passou desde nosso último encontro em estúdio. Foi ano de dificuldades sérias para a Rússia: as sanções, a queda dos preços do petróleo e da atmosfera da guerra fria. Foi ano para compreendermos a grande tragédia que se abateu sobre um povo irmão, ano em que nosso país enfrentou muitos desafios novos.
Ao mesmo tempo, a nossa sociedade tornou-se mais consolidada. Os índices positivos aumentam, na autoavaliação do povo russo. O que é especialmente interessante é que o nível de felicidade - ou o “índice de felicidade”, como os sociólogos chamam – não caiu como se poderia esperar que tivesse acontecido.
Então, hoje, vamos discutir como responderemos a esses desafios e para onde estamos indo. Estamos ao vivo com Vladimir Putin. [...]
Yekaterina Mironova: Aqui no estúdio temos pessoas selecionadas como amostra representativa de toda a Rússia: médicos, professores, agricultores, empresários, trabalhadores de resgate e outros. Todos têm perguntas para o presidente.
Maria Sittel: Vamos começar?
Vladimir Putin: Boa tarde.
Maria Sittel: Boa tarde, Sr. Presidente. O ano que passou foi ano em que o senhor teve que tomar várias decisões difíceis. Pode-se dizer que foi um ano de decisões pessoais para o presidente. Era preciso tomar as decisões com rapidez e precisão, e ninguém poderia tomá-las pelo senhor. Vale para as contrassanções, a maratona diplomática em Minsk e a Crimeia, é claro.
A situação econômica também é complexa. Dada a pressão externa, mas também exigiu decisões pessoais diretas do presidente. Quais os resultados do ano? O que o senhor conseguiu ampliar, o que foi reduzido?
Vladimir Putin: Esta é uma pergunta tradicional. Parti da ideia de que essa pergunta apareceria e, de qualquer modo, é coisa sobre a qual tenho de falar. Então, fiz algumas anotações para me certificar de que não teria de inventar números. Na verdade, grande parte disso já é público, mas alguns números são novos e gostaria de compartilhá-los com você e com todo o país.
Você já falou de alguns dos resultados. A incorporação da Criméia e Sebastopol, e situação econômica externa complicada. Uma coisa da qual temos falado muito, mas vale a pena mencionar outra vez, embora seja evento do ano passado é a nossa vitória nos Jogos Olímpicos de 2014, os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, total sucesso. Tudo isso aconteceu no ano passado.
Também gostaria de mencionar o fato de houve certas limitações externas, que, de uma forma ou de outra tiveram um impacto sobre nossas taxas de crescimento, nosso desenvolvimento, embora no conjunto já possamos ver que o rublo está ganhando força e o mercado de ações está em ascensão. Conseguimos evitar a inflação em espiral.
Vejamos alguns números específicos. Até o final do ano passado, o PIB da Rússia cresceu 0,6 % – pequeno crescimento, mas crescimento. A produção industrial subiu um pouco mais: 1,7%, enquanto a indústria de transformação subiu 2,1%. Alcançamos um novo recorde na produção de petróleo: 525 milhões de toneladas, o mais alto da história recente. Também conseguimos a maior safra de grãos da história recente – 105,3 milhões de toneladas. Em geral, a agricultura demonstrou bons resultados, com crescimento de 3,7%. Também estamos tendo crescimento no primeiro trimestre deste ano, o que é boa notícia.
Há dinâmicas positivas em várias outras indústrias. A indústria química cresceu 4,1%; a produção de fertilizantes minerais, 4,2% e outras. Ao mesmo tempo, como você bem observou, temos alguns problemas. A redução do investimento de capital de empresas de pequeno porte foi sinal negativo. Assim, o investimento global de capital no ano passado caiu: −2,5%.
Ao mesmo tempo, a construção de moradias habitação está se saindo muito bem. Nossos trabalhadores da construção civil podem orgulhar-se, porque também alcançaram resultados recordes na história do Estado russo. Nunca antes, nem nos tempos soviéticos, nem no período pós-soviético, nem, com certeza antes dos soviéticos, construímos tantas moradias – em torno de 81, 82 milhões de metros quadrados.
Também conseguimos evitar aumento acentuado do desemprego. Aumentou, ano passado, é verdade, de cerca de 5,3%-5,4% no meio do ano passado, para 5,8% agora. Mas conseguimos segurá-lo.
Enquanto isso, os resultados do ano passado mostram crescimento de 11,4% nos preços ao consumidor. Não é bom, porque afeta os padrões de vida das pessoas. Mas em março, a taxa de inflação caiu. A renda disponível da população caiu 1%, e os salários aumentaram 1,3%. Como você sabe, nossas pensões são indexadas – por tempo de serviço e sociais e as antigas. A incerteza econômica levou a uma saída de capitais. É coisa com que temos de nos preocupar, mas não é nenhum desastre. Se o assunto reaparecer, poderemos falar mais sobre isso, adiante.
Apesar das flutuações significativas no mercado financeiro, o setor bancário da Rússia demonstrou boa dinâmica. A carteira de crédito para o setor real da economia vem crescendo. É particularmente bom que os ativos totais dos bancos russos atingiram 77 trilhões de rublos, e pela primeira vez eles ultrapassaram o PIB do país. É um índice muito bom, que mostra estabilidade e é sinal de que o sistema bancário russo é confiável.
Devo dizer que pessoas físicas e jurídicas que tiraram dinheiro do país, ou que trocaram seu dinheiro por outras moedas no final do ano passado, já estão repatriando o dinheiro que tiraram daqui. Os depósitos de pessoas físicas cresceram 9,4% no ano passado; os de pessoas jurídicas, 40,6% e continuam a aumentar. Em janeiro, os depósitos dos cidadãos aumentaram mais 2,8%, alcançando mais de 19 trilhões de rublos, enquanto os das empresas cresceu 5,1%, para um total de mais de 26 trilhões de rublos.
No geral, se passarmos para questões de orçamento, concluímos o ano passado com um ligeiro déficit de 0,5% e conseguimos evitar que o déficit crescesse em espiral. Em outras palavras, há um déficit, e prevê-se que esse ano chegue a 3,7%, mas é bastante razoável.
Um dos resultados positivos de 2014 foi, sem dúvida, os dados demográficos positivos. A taxa de natalidade vem subindo, contra uma queda na taxa de mortalidade. A média de vida continua crescendo, o que manifesta uma tendência global positiva, e os sentimentos da população em geral.
Estes, brevemente, são os resultados de 2014 e do início de 2015.
Kirill Kleymenov: Senhor Presidente, os números da macroeconomia parecem, sim, bastante positivos, dadas as circunstâncias. No entanto, se tivermos em conta o ponto de vista de uma pessoa comum, e a julgar pelas perguntas que continuam a chegar aos nossos estúdios, o quadro não é tão róseo, e há problemas. Vamos considerar a economia em detalhes, pois esta é a base de tudo.
Gostaria de começar com uma pergunta que foi provocada por uma publicação recente. Alguém, na reunião que o senhor teve com empresários, disse que o senhor alertou os demais presentes naquela reunião que as sanções não serão levantadas em breve; que ninguém espere por isso. Primeiro, vamos confirmar tudo: houve ou não houve essa conversa? E, se houve, como o senhor vê essa questão?
Vladimir Putin: Acabo de falar sobre isso. Falei de uma série de desenvolvimentos positivos, alguns em nível macroeconômico, que são muito importantes para o desenvolvimento. Também disso, que a renda da população sofreu uma queda. Os salários têm crescido um pouco, mas os rendimentos totais caíram devido à inflação de cerca de 11,4%. Também falei sobre isso.
Quanto a sanções, sim, houve essa conversa com empresários; e, sim, eu lhes disse que eles não devem contar com o levantamento das sanções, porque estas são questões puramente políticas, e envolvem alguns dos nossos parceiros. Acredito que as sanções têm a ver com a interação estratégica entre aqueles parceiros e a Rússia, e com dificultarem o nosso desenvolvimento.
Na verdade, eu não acho que essa questão diga respeito diretamente a Ucrânia, porque o objetivo atual é fazer valer os Acordos de Minsk. Estamos fazendo todo o possível para este objetivo, mas Kiev está aproveitando que as sanções não foram levantadas.
O ponto em questão não são as sanções. O que eu disse àqueles empresários? Disse a eles que a questão não se limita às sanções, que temos de encontrar melhores maneiras de gerenciar esses processos em casa, no nosso país, para nossa economia. E isso depende muito do que fazemos.
Falamos sobre preços e salários, mas qual é a razão do que vemos? É claro que a razão é a pressão sobre o rublo, a depreciação do rublo. Por sua vez, é efeito também ligado aos preços do petróleo. Sabemos muito bem que, infelizmente, o nosso desenvolvimento econômico há muito tempo é desequilibrado, e é muito difícil modificar isso.
O que fizemos nos últimos anos? Os salários foram crescendo em ritmo prioritário, muito mais rápido do que a eficiência do trabalho. E o ajuste da taxa de moeda era inevitável – inevitável – mesmo que não houvesse sanções.
Na verdade, as sanções vieram bem a calhar para o Governo e o Banco Central, que agora podem pôr a culpa de tudo, nas sanções. Mas as sanções não são a única razão. Temos de ajustar a nossa política econômica de forma mais profissional, de forma consistente e rápida. Já fizemos um ajuste inicial.
Essa é uma decisão muito importante, e os dois lados, mercados e investidores responderam àquele ajuste. O ajuste ajudará a melhorar nossa economia e a criar condições básicas para o desenvolvimento. Assim, em resumo, as sanções são importantes e, sim, contribuem para os nossos problemas atuais (se houver dúvidas poderemos voltar a discutir isso), mas as sanções não são o nosso maior problema.
Kirill Kleymenov: Mas, ainda assim, quanto tempo isso tudo pode demorar? Digo, as sanções? Tanto quanto no Irã? Teerã vive há décadas sob sanções.
Vladimir Putin: Para começar, a Rússia não é o Irã. A Rússia é maior; tem economia maior e, por sinal, muito mais diversificada que a economia do Irã. Além disso, nossa política energética é diferente da política praticada pelas autoridades iranianas, e por uma série de razões, que eu não vou analisar agora. Afinal de contas, a indústria de energia russa é baseada no mercado, muito mais do que em alguns países produtores de petróleo e gás. Não se pode, de fato, comparar os dois países.
Quanto a por quanto tempo teremos de suportar as sanções, gostaria de colocar a questão de outro modo. Sem considerar se as sanções ficam ou saem, nós temos de nos aproveitar da situação com as sanções, para atingir novas fronteiras de desenvolvimento. Vale para as políticas de substituição de importações, que ficamos obrigados a implantar. Vamos avançar nessa direção, e espero que esses esforços venham a contribuir para estimular o desenvolvimento dos setores de alta tecnologia da economia, com taxas de crescimento mais altas do que tivemos antes.
O mercado russo está cheio de oportunidades para agricultores nacionais, especialmente depois que a Rússia integrou-se à OMC. Claro que tudo o que estamos vivendo teve impacto negativo em termos de inflação dos preços dos alimentos. Temos de aguentar essa situação por algum tempo, mas a produção agrícola nacional, inevitavelmente, crescerá, e vai crescer, especialmente, como efeito das medidas de apoio que o governo implantou e estão vigentes.
Estou ciente do descontentamento entre os produtores agrícolas. Com certeza estão aí no estúdio, e poderão fazer suas perguntas. Discutiremos, mas é importante lembrar que todos se estão beneficiando do apoio que o governo está dando a eles. A produção doméstica e a segurança alimentar são itens vitalmente importantes, e vamos procurar garanti-las.
Será que teríamos tomado essas medidas sem as sanções? A resposta é não. Mas, com as sanções, estamos trabalhando nessa direção.
Maria Sittel: É verdade que a Rússia é uma nação forte, e nós podemos aguentar. Estamos recebendo muitas mensagens de texto, das regiões, de agricultores e produtores, que dizem que se o apoio do governo só existe por causa das sanções (...) e agora estamos começando a aumentar a produção local, a remoção das sanções, agora, seria um desastre. Voltaremos a esta questão mais tarde.
E há outras perguntas. As pessoas estão lembrando sua conferência de imprensa, há seis meses, durante o qual o senhor disse que a recuperação da economia demoraria dois anos. Talvez seja hora de você ajustar a sua previsão?
Vladimir Putin: Talvez seja possível encurtar esse prazo. Com o que estamos vendo – fortalecimento do rublo, crescimento do mercado e outras coisas. Acho que talvez possa acontecer mais cedo, sim, acho ainda que vá demorar cerca de dois anos. Considerando todos os fatores, esse ano ainda estamos prevendo alguma queda na produção. Mas assumiu-se que o início deste ano veria queda considerável na produção, o que não aconteceu.
Gostaria de dizer-lhe que a produção industrial em março deste ano chegou a 99,4% da que tivemos em março de 2014; no primeiro trimestre deste ano, a produção industrial chegou a 99,6% do que produzimos no primeiro trimestre de 2014.
Em termos práticos, não houve queda na produção durante o início deste ano. Alguns crescimentos são possíveis, mas vão depender dos juros, da política econômica do Governo, do Estado e de muitos outros fatores. Ainda assim, temos de fazer o nosso melhor para manter a mesma dinâmica positiva que estamos vendo hoje. Essa dinâmica deve ser preservada e acelerada.
Kirill Kleymenov: Estamos vivendo num ambiente de sanções e contrassanções. O senhor acha que alguma coisa poderia estar sendo feito de outro modo?
Vladimir Putin: Sempre se pode fazer qualquer coisa de modo diferente. Não sei se alguma coisa poderia ter dado melhor resultado. Ainda entendo que nossa abordagem foi a melhor.
Kirill Kleymenov: Senhor Presidente, questão muito importante é saber se vamos ter força e recursos suficientes.
Vladimir Putin: Você sabe que a questão não é falta de força. Quanto aos recursos, com certeza temos muitos. O mais importante são os recursos humanos, habilidades das pessoas e vontade de trabalhar. Tenho tido contato com muita gente, e sei como eles se sentem, principalmente sobre as sanções.
Nossa tarefa – a principal tarefa para o presidente, o governo, o Banco Central e os governadores das regiões – é fazer com que passemos pelas dificuldades desse período, com o mínimo de perdas. Podemos ou não fazer isso? Sim, podemos, e não será preciso esperar muito. Temos de usar a situação para o nosso benefício. E podemos fazer isso.
Maria Sittel: Que outras ameaças a Rússia deve esperar ainda para esse ano?
Vladimir Putin: Você sabe, há muitas ameaças imprevisíveis lá fora, mas se conseguirmos manter uma situação política estável no país e manter os russos unidos como estamos agora, estaremos imunizados contra quaisquer ameaças.
Kirill Kleymenov: Senhor Presidente, acho que temos de nos concentrar em algumas questões negativas. A crise ainda está aqui. O governo veio com um plano de ação para superá-lo, mas, francamente, não vimos nenhum resultado até agora. Às vezes, parece que a principal estratégia resume-se a esperar que melhorem os preços do petróleo, e que o dinheiro do petróleo comece a fluir para o orçamento, que assim se resolverão todos os problemas.
Vladimir Putin: Você está fazendo avaliação exageradamente negativa do trabalho do Governo. Claro que é preciso criticar o governo, o presidente, os governadores, sempre e muito. É indispensável que todos tenham esse feedback crítico, como fato sempre presente. A crítica em geral ajuda a ver as coisas de uma perspectiva diferente, o que é sempre bom.
Mas a verdade é que adotar um plano de estabilização socioeconômica para nosso país, nas atuais circunstâncias, não é fácil e exige abordagem profissional e competente. São coisas que não se podem fazer com improvisações. Não basta jogar dinheiro sobre os problemas, pensando que temos suprimento infinito de dinheiro.
Então, o Governo precisou de algum tempo para analisar as coisas e ver o que precisava ser feito e o que é preciso, para realizar o que tenha de ser feito. Mas o plano de que falei foi aprovado no final de dezembro; agora está sendo implantado gradualmente.
As coisas poderiam ter sido mais rápidas? Provavelmente sim, poderíamos ter-nos movido mais rapidamente. Mas o nosso plano de ação foi pensado cuidadosamente. Acredito que ele reflete adequadamente o estado atual da nossa economia. O que quero dizer é que, em primeiro lugar, trata-se de plano ambicioso, com orçamento de 2,3 trilhões de rublos, o que é muito. Desse montante, 900 bilhões de rublos foram usados para apoiar diretamente o sistema bancário, que é, de acordo com alguns especialistas, a força vital da nossa economia.
Não importa o que haja para criticar no governo ou no Banco Central, deve-se admitir que essas ações estão corretas e há justificativa para todas elas. Aprendemos muito com a crise anterior, de 2008-2009.
Além disso, 250 bilhões foram destinados ao setor de bens & serviços, também por meio de bancos, mas com efeito direto sobre a economia real. Decidiu-se aumentar a capitalização da United Aircraft Corporation, ou seja, injetar 100 bilhões de rublos para o setor de fabricação de aeronaves. Mais de 82 bilhões serão fornecidas para apoio ao mercado de trabalho e 200 bilhões em garantias para o setor real e para projetos específicos.
O Banco Central prevê um pacote inteiro do que considero que sejam medidas oportunas e economicamente vitais. Como disse anteriormente, indexamos pensões no início do ano. Significa que uma série de decisões foram tomadas na esfera fiscal, e talvez voltemos a discuti-las adiante. Há um programa separado de apoio ao setor agrícola. Além disso, no setor interno de transportes – transporte ferroviário, por exemplo – as coisas ainda não foram finalizadas, mas já está decidido introduzir imposto zero sobre os serviços de trens urbanos, reduzir os impostos sobre os serviços aéreos domésticos em 10% ... Em outras palavras, há um pacote, um conjunto abrangente de medidas, e eles estão começando a operar.
Não me parece que seja muito correto dizer que não estamos vendo os resultados. Sei que os preços são ainda o que são, mas começaram a cair em março. Talvez não em todas as regiões, mas é evidente em nível nacional. Aí está mais um fato. O rublo também se estabilizou e fortaleceu-se. Portanto, seria injusto dizer que não há resultados. Esperava-se mais, certamente, mas é exatamente por isso que digo que devemos encarar a realidade e escolher o caminho certo pelo qual nos movimentar. Eu acredito que o Governo escolheu corretamente e estamos avançando pelo caminho que escolhemos.
Kirill Kleymenov: Mas segundo todas as avaliações, as causas do fortalecimento do rublo são outras.
Vladimir Putin: Você acha? E que causas seriam essas?
Kirill Kleymenov: Primeiro de tudo, os preços do petróleo subiram bem pouco, e pararam de subir. E depois há também um elemento de especulação, porque os fundos estão sendo convertidos em rublos, depois que as taxas de juros aumentaram significativamente.
Vladimir Putin: Mas e por que aumentaram? [Risos]
Os preços do petróleo têm mesmo aumentado um pouco, mas é efeito direto – e os especialistas já começam a ver – o rublo mais forte está ligado aos preços do petróleo, mas o reforço não tem conexão direta com este aumento.
Há outros fatores envolvidos, e já mencionei o principal. Especialistas já viram que passamos pelo pior, depois que nossos bancos e empresas da economia real pagamos empréstimos externos e ajustamos a taxa de câmbio do rublo. Não houve falências. Está tudo funcionando.
Sei que temos vários problemas: a inflação subiu, o desemprego aumentou ligeiramente – mas menos que na Eurozona: lá é 11%; aqui é de apenas 5,8%. Todos esses são fatores que ajudam a escorar nossa moeda nacional.
Maria Sittel: Vamos convidar os cidadãos para essa conversa. Porque... enquanto o Governo trabalha no plano anticrise, as pessoas comuns estão preocupados com os preços e a carestia: os preços da moradia, dos remédios e dos alimentos...
Vladimir Putin: Perdoe-me, mas gostaria de fazer uma pequena correção, por favor. O Governo já concluiu o trabalho sobre o plano anticrise. Já está pronto. Começamos agora a pô-lo em prática.
Maria Sittel: Muito bem.
Natalya Vorontsova, Território Primorye: “Os preços por aqui subiram dramaticamente, os salários continuam os menos, até menores que antes, e há demissões em massa. Não estamos vivendo, só estamos sobrevivendo. Quanto tempo ainda isso vai continuar?”
Vladimir Putin: Nós, na verdade, já falamos sobre isso. É verdade. Já disse, na abertura, que a renda real das pessoas caiu um pouco por causa da inflação, que saltou para 11,4% ano passado. Temos de considerar isso em nossa política social, auxiliando principalmente os grupos socialmente mais vulneráveis.
A segunda tarefa mais importante é preservar os empregos. Já disse que reservamos recursos, mais de 82 bilhões de rublos, para preservar empregos. Se necessário, esse dinheiro será usado. Espero também que se mantenha a tendência de queda da inflação, no mínimo que permaneça a taxa de redução permaneça a mesma, o que é em parte devido ao fortalecimento da moeda nacional.
Maria Sittel: Obrigado.
[Continua]
Nota dos tradutores
[1] Orig. “Direct line with Vladimir Putin”. O programa foi levado ao ar ao vivo pelo Canal 1 e canais Rossiya-1 e Rossiya-24 TV, e pelas rádios Mayak, Vesti FM e Rádio Rossii, dia 16/4/2015
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